Em Pernambuco, as famílias Ferreira, Campos/Arraes, Coelho e Lyra são as quatro grandes forças a construir e perpetuar o legado de seus antecessores
Por: Anna Tenório, da Folha de PE / Fotos : Divulgação
Com sobrenomes influentes e parentescos prestigiados, o mapa político dos próximos candidatos para as eleições proporcionais em 2018, vem crescendo e se estruturando. Neste período, fica mais evidente os projetos familiares, que lançam, tradicionalmente, seus membros na disputa por cargos públicos. Em Pernambuco, as famílias Ferreira, Campos/Arraes, Coelho e Lyra são as quatro grandes forças a construir e perpetuar o legado de seus antecessores.
De acordo com o cientista político, Vanuccio Pimentel, esse tipo de relação familiar vai impactar de maneira mais significativa nesse pleito de 2018, principalmente, porque se trata de uma eleição proporcional e os candidatos precisam de uma quantidade menor de votos para conquistar um mandato. A partir dessa concentração familiar no mesmo patamar, os grupos familiares se irradiam para os executivos e para os cargos mais altos.
“A partir do momento que eu consigo ter um mandato, eu consigo ter um voto dentro da Câmara, seja na esfera federal ou estadual e esse voto vai importar em algum momento. No caso de uma eleição, como essa de agora, essas famílias passam a exercer o poder que elas têm no mando do voto”, avaliou.
Família Ferreira deverá lançar novamente o patriarca Manoel
O período pré-eleitoral também renova o debate sobre cabos eleitorais. Ainda de acordo com o cientista político, Pernambuco tem uma situação em que tanto deputados quanto prefeitos podem ser puxadores de votos. No entanto, como o Estado possui um número maior de municípios, os chefes dos Executivos municipais tendem a assumir um papel preponderante. Além de ter uma máquina que pode contribuir para mobilizar eleitores, os prefeitos também conseguem arcar com uma estrutura de palanque a um governador no município, feito que um deputado não consegue.
Lançando seus candidatos a deputados estaduais e federais, os prefeitos de Água Preta (Eduardo Coutinho), Araripina (Raimundo Pimentel), Jaboatão dos Guararapes (Anderson Ferreira), Caruaru (Raquel Lyra) e Olinda (Professor Lupércio) devem atuar como cabos eleitorais para eleger seus parentes.
Prefeita Raquel Lyra vai ajudar o pai, o ex-governador João Lyra
As alianças políticas familiares possibilitam que uma prefeitura consiga controlar toda a administração de um município, ou mesmo de uma região. Na Capital pernambucana e na RMR, os Ferreira é quem estão ganhando cada vez mais espaço. O grupo pretende lançar o deputado estadual André Ferreira (PSC) para o Senado e o cunhado Fred Ferreira, vereador do Recife, para deputado estadual. O objetivo o apoio mútuo para vencer unidos mais uma eleição. O pai dos irmãos Ferreira, Manoel Ferreira, também poderá disputar uma vaga na Câmara Federal.
Em Caruaru, a prefeita Raquel Lyra poderá ser o principal cabo eleitoral do seu pai e ex-governador João Lyra (PSDB). O deputado federal João Fernando Coutinho (PSB) poderá ter o reforço do seu pai Eduardo Coutinho. Em Olinda, Lupércio apostará no novo e lançará, pela primeira vez, sua esposa Cláudia Cordeiro na disputa. Em Petrolina, Miguel Coelho, certamente, será vital para a candidatura de Fernando Bezerra Coelho para governador. Já a reeleição da deputada estadual Socorro Pimentel terá o suporte do prefeito de uma das maiores cidades do Sertão.
Legislação
A lei considera inelegíveis, na mesma circunscrição eleitoral, os parentes consanguíneos ou por afinidade, até o 2º grau ou por adoção, do presidente da República, do governador, do prefeito ou de quem os haja substituído dentro dos seis meses anteriores ao pleito. Fora da circunscrição eleitoral, os parentes podem se candidatar.