Copom corta taxa básica de juros em 0,50 ponto porcentual. Juros reais ainda seguem elevados na comparação internacional
Agência Brasil / Foto: EBC
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduziu, por unanimidade, os juros básicos da economia nesta quarta-feira, 6, de 7,5% para 7% ao ano. Essa é a décima vez seguida de redução da Selic, que atinge o menor nível desde o início da série histórica do Banco Central, em 1986. A queda de 0,50 ponto percentual já era esperada pelos analistas financeiros.
A estimativa dos analistas é que a Selic deverá ter novo recuo em fevereiro de 2018, quando o Copom se reunirá novamente.
A previsão do mercado é a de que a Selic cairá para 6,75% ao ano, permanecendo neste patamar até dezembro de 2018, devido às eleições presidenciais – quando poderá subir para 7%, segundo estimativa do mercado.
De outubro de 2012 a abril de 2013, a taxa foi mantida em 7,25% ao ano, anteriormente o nível mais baixo da história, e passou a ser reajustada gradualmente até alcançar 14,25% ao ano em julho de 2015. Somente em outubro do ano passado, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia.
“O conjunto dos indicadores de atividade econômica divulgados desde a última reunião do Copom mostra sinais compatíveis com a recuperação gradual da economia brasileira”, diz o comunicado. ” O Comitê julga que o cenário básico para a inflação tem evoluído, em boa medida, conforme o esperado. O comportamento da inflação permanece favorável, com diversas medidas de inflação subjacente em níveis confortáveis ou baixos, inclusive os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária.”
Apesar do corte, o Banco Central está afrouxando menos a política monetária. De abril a setembro, o Copom reduziu a Selic em 1 ponto percentual. O ritmo de corte caiu para 0,75 ponto em outubro e para 0,5 ponto na reunião de hoje.
Ranking mundial de juros reais
Com a redução de juros nesta quarta-feira, o Brasil caiu de terceiro para quarto lugar no ranking mundial de juros reais (calculados com abatimento da inflação prevista para os próximos 12 meses), compilado pelo MoneYou e pela Infinity Asset Management.
Com os juros básicos em 7% ao ano, a taxa real do Brasil soma 2,88% ao ano, atrás da Turquia, da Rússia e da Argentina – com juros reais de 5,87% ao ano, de 4,18% ao ano e de 3% ao ano, respectivamente. Nas 40 economias pesquisadas, a taxa média está negativa em 0,1% ao ano.
Mesmo com a taxa Selic próxima do menor patamar das últimas três décadas, os juros bancários seguem em níveis elevados para padrões internacionais, segundo os economistas do mercado.
Em outubro deste ano, segundo o BC, a taxa média de todas as operações (pessoas físicas e jurídicas, com recursos livres) somou 43,6% ao ano – muito acima da taxa básica.
Inflação
A Selic é o principal instrumento do Banco Central para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA ficou em 0,42% em outubro. Nos 12 meses terminados em outubro, o índice acumula 2,7%, abaixo do piso da meta de inflação, que é de 3%.
Até o ano passado, o Conselho Monetário Nacional (CMN) estabelecia meta de inflação de 4,5%, com margem de tolerância de 2 pontos, podendo chegar a 6,5%. Para este ano, o CMN reduziu a margem de tolerância para 1,5 ponto percentual. A inflação, portanto, não poderá superar 6% neste ano nem ficar abaixo de 3%.
A redução da taxa Selic estimula a economia porque juros menores barateiam o crédito e incentivam a produção e o consumo em um cenário de baixa atividade econômica.