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Joesley diz que retirada de imunidade ‘foi ato de covardia’ de Janot

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Empresário depõe à Justiça Federal sobre suspeita de crime financeiro. Ele chegou pela manhã à capital paulista vindo de Brasília e teve pedido de habeas corpus negado.

G1 / Foto: reprodução

O empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo J&F, criticou o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, em depoimento à 6ª Vara da Justiça Federal em São Paulo nesta sexta-feira (15). A audiência de custódia na investigação sobre uso de informações privilegiadas para lucrar no mercado financeiro durou 38 minutos. O juiz manteve a prisão preventiva dele.

“Eu fui mexer com os poderosos, com os donos do poder, e estou aqui agora”, disse Joesley em tom de arrependimento. Ele reclamou de Janot ter rescindido sua delação premiada. “Acho que o procurador foi muito questionado pelo motivo da nossa imunidade. Acho que foi um ato de covardia dele. Nós fizemos a maior, a mais importante colaboração da história”, afirmou.

Indagado pelo juiz sobre o motivo do comentário, já que a audiência de custódia trata-se do processo da bolsa de valores e ações da J&F, ele argumentou: “É a primeira vez que estou tendo oportunidade de falar”, disse.

Sobre a ação que investiga se houve insider trading, Joesley alegou que as operações feitas pela empresa na bolsa de valores foram normais. “Todas as operações foram naturais de curso, natural da empresa. Não teve nenhum insider. Estou tranquilo em afirmar que faz parte da rotina da empresa.”

Indagado pelo juiz se as operações geraram lucro, disse que as ações da JBS como de outras empresas no dia seguinte após o vazamento da delação caíram. “Não houve lucro nem prejuízo. Foram operações porque a gente precisava de caixa.”

Joesley alegou que a venda dos ativos foi necessária pois os bancos não estão renovando as linhas de crédito da empresa. “Esse ano, em especial, os dividendos que recebemos foram bastante abaixo da expectativa.”

Prisão preventiva mantida

A procuradora federal presente na audiência pediu e o juiz manteve a prisão preventiva de Joesley. “Enquanto era investigado o colaborador, ele continuou praticando crimes”, disse a procuradora Thaméa Danelon.

O juiz argumenta que, com os recursos que Joesley possui, poderia fugir para qualquer lugar do mundo sem qualquer dificuldade, mesmo com a retenção do passaporte.

O advogado de Joesley, Pierpaolo Bottini, discordou do juiz após o depoimento e disse que, para prender alguém preventivamente, “é preciso algo mais além da suspeita do crime”. “É preciso identificar o motivo, se houve obstrução de Justiça, pressionamento de testemunha e se existe o risco concreto de fuga. E nada disso existe no caso”, afirmou.

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