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Eleito para o quarto mandato, Renan Calheiros é visto como uma fênix

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Na disputa mais acirrada na Casa, peemedebista não assumiu publicamente candidatura até o último momento

O Globo

BRASÍLIA — O presidente reeleito do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), é considerado por seus pares uma espécie de fênix. Eleito para o quarto mandato à frente da Casa — ganhou em 2005, 2007 e 2013 —, houve tempo em que muitos senadores consideravam-no como carta fora do baralho. Foi em meados de 2007, quando veio à tona a informação de que uma construtora pagava R$ 12 mil mensais a uma ex-namorada dele, Monica Veloso, com quem teve uma filha.

A informação detonou uma série de denúncias contra Renan. As acusações foram as mais diversas: utilização de laranjas na compra de rádios, tráfico de influência para beneficiar uma empresa de refrigerantes que havia se instalado em Murici, sua cidade natal em Alagoas, uso de notas falsas para justificar a existência de uma boiada que lhe garantiriam renda, entre outras. Foram seis representações no Conselho de Ética da Casa, mas Renan conseguiu arquivar a todas.

Acossado e pressionado, ele optou por renunciar à presidência do Senado para não correr o risco de ser cassado por seus pares. Agiu estrategicamente — aliás, como o faz com frequência. Depois de submergir por um período, aos poucos, porém, foi reconquistando seu espaço. Em 2009, tornou-se líder do PMDB e, no ano seguinte, reelegeu-se para seu terceiro mandato como senador e, apesar de todas as acusações que enfrentou, ainda elegeu seu filho, Renan Filho (PMDB-AL), deputado federal.

Em 2013, ele substituiu José Sarney (PMDB-AP) na presidência do Senado, obtendo votos até mesmo da oposição. E, no ano passado, dando mais uma demonstração de força, elegeu seu filho governador de Alagoas, aliando-se a Fernando Collor (PTB-AL), de quem havia sido líder do governo, e com quem estava rompido desde 1990.

Renan é homem de não agir com o fígado de imediato. Passado um tempo depois de sua derrota para o governo alagoano, Renan revelou um personagem que, até então, era desconhecido da maioria dos brasileiros: Paulo Cesar Farias, o PC, que fora tesoureiro de Collor na campanha presidencial e fazia tráfico de influências. O resultado da denúncia dele foi o impeachment do presidente.

Desde a chegada do PT ao governo federal, em 2002, Renan ganhou a simpatia do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que o defendeu publicamente quando ele era atacado por todos, em 2007, e, embora não tenha o mesmo prestígio pessoal com a presidente Dilma Rousseff, o governo sabe que ele é estratégico para manter a governabilidade a qualquer preço.

Além de garantir a mudança da meta fiscal, Renan engavetou o decreto que anulava a decisão da presidente Dilma de criar uma superestrutura de conselhos populares no governo.

— Claro (que sou melhor para resolver a complexidade deste momento) — disse Renan AO GLOBO, na sexta-feira.

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