Desde o início do dia, campanha petista já previa dificuldades e temia a derrota no primeiro turno
Por Isabel Braga
BRASÍLIA – Contra a pesada mobilização do Palácio do Planalto nas últimas duas semanas, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) impôs uma enorme derrota ao governo, vencendo já no primeiro turno o candidato do PT, Arlindo Chinaglia (SP), e se elegendo presidente da Câmara dos Deputados. Cunha teve 267 votos, votos contra 136 do petista. O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), que disputou no campo da oposição com o apoio do PSDB/PPS/PV, teve 100 votos. O candidato do Planalto teve metade dos votos de Cunha, que é considerado inimigo da presidente Dilma Rousseff, com quem sempre teve uma relação difícil. O novo presidente da Câmara comandou embates emblemáticos contra o governo, como a aprovação da PEC que acabou com a CPMF, a MP dos portos e do Marco Civil da Internet.
Desde o início do dia o comando da campanha petista já previa dificuldades e temia a derrota no primeiro turno. Nem mesmo a negociação com o PR e PSD, abrindo mão de cargos que teria direito na Mesa,impediu a derrota de Chinaglia. Além de perder a presidência da Casa, o PT fica sem nenhum cargo na Mesa e perde o comando de comissões importantes, como a cobiçada Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
— Foi uma luta renhida. Mas teve um conjunto de erros que vamos avaliar depois — desabafou o ex-líder do PT, deputado José Guimarães.
Cunha fez uma campanha milionária, percorrendo todos os estados, fazendo uma maratona de almoços e jantares e investindo pesado nos deputados novatos. Segundo peemedebistas, até sábado a tarde o Planalto, através do vice-presidente Michel Temer, tentou um acordo para dar a Chinaglia uma saída honrosa da disputa. O acordo previa o rodízio, com a renúncia da candidatura do petista agora, e apoio do PMDB a uma candidatura petista daqui a dois anos.
— O Planalto vai ter que conviver agora com um novo PMDB a partir de segunda-feira. O perfil da candidatura do Luis Henrique no Senado, e a do Eduardo Cunha, na Câmara, deixa claro que nasce um PMDB menos atrelado do Planalto — disse o deputado Darcisio Perondi (PMDB-RS).