Mãe de uma menina de 1 ano, Camila Barbosa mora na cidade de Araripina e faz o tratamento da filha na cidade de Ouricuri, a cerca de 60 km.
G1 Petrolina / Foto: reprodução
oi no ano de 2015, que Camila Alves Barbosa, de 30 anos, descobriu que etava grávida do seu primeiro filho. Na época, o Brasil enfrentava uma situação de emergência na saúde pública, com quase 3 mil notificações de casos de microcefalia. Na região do Sertão do Araripe, em Pernambuco, onde Camila reside com sua filha, foram confirmados 18 casos.
Em janeiro de 2016, a filha de Camila, Maria Esther, nasceu, e tinha todas as características de um bebê com microcefalia. “Quando ela nasceu, eu vi logo que era pequena. O perímetro cefálico dela media 29 centímetros. Tinha que ser feito o exame para comprovar, mas o meu coração já sabia”, lembra Camila.
Residente em Araripina, no Sertão de Pernambuco, Camila, assim como outras famílias da região do Araripe, não tem acesso direto à profissionais que atendam as demandas de bebês com a síndrome causada pelo vírus da Zika. Mas, essa realidade começou a mudar em maio deste ano, quando a Unidade de Pronto Atendimento Especializado (UPAE) foi inaugurada em Ouricuri.
A implantação da unidade impediu que as famílias do Sertão do Araripe realizassem grandes deslocamentos em busca do tratamento adequado. Camila foi uma das mães beneficiadas com o serviço da unidade. “Comecei o tratamento dela [Maria Esther] com 6 meses na AME de Ouricuri, e, quando a UPA abriu, comecei a ir para lá. Hoje, vou duas vezes por semana”, afirmou Camila.
No local, Maria Esther recebe o acompanhamento de um pediatra, uma fisioterapeuta, uma terapeuta ocupacional e uma fonoaudióloga. O atendimento com um psicólogo também é disponibilizado à Camila e às outras mães. Camila e a filha também recebem atendimento domiciliar uma vez por semana.
“É uma vida corrida, mas já me adaptei a isso. A cada dia que passa, amo muito ela [Maria Esther] e aprendi muito. Minha filha é muito forte”, conta Camila, ao lembrar das 18 convulsões já sofridas por sua bebê. “Ela tá aqui ainda, graças a Deus”, ressaltou.
O atendimento na UPAE de Ouricuri é realizado todas as terças e quintas-feiras, nos turnos da manhã e da tarde. A unidade atende os 11 municípios que integram o Sertão do Araripe: Ouricuri, Araripina, Bodocó, Exu, Granito, Ipubi, Moreilândia, Parnamirim, Santa Cruz, Santa Filomena e Trindade.
Dados da microcefalia
No final de 2015, o governo brasileiro decretou situação de emergência na saúde pública por conta do aumento nas notificações de casos de microcefalia. Desde o início deste ano até o mês de março, foram notificados, no Brasil, 165 casos de microcefalia e outros distúrbios causados pelo vírus da Zika, transmitido pelo mosquito aedes aegypti, que também é transmissor da dengue e da febre chikungunya.
Em Pernambuco, entre 2015 e 2016, 407 casos de microcefalia foram notificados no estado. De acordo com dados das Secretaria Estadual de Saúde (SES), até 25 de fevereiro deste ano, foram 43 notificações de síndrome congênita do vírus zika, sendo em média 21,5 casos por mês. Em 2016, a média mensal foi de 91,4.
Em todo o Sertão, entre agosto de 2015 a agosto de 2016, foram 27 casos de microcefalia confirmados. A região do Sertão do Araripe contabilizou, desde 2015, 106 casos suspeitos da síndrome. Desses, 18 foram confirmados.
Microcefalia
A criança com microcefalia apresenta a cabeça e o cérebro menores do que o normal. Os sintomas apresentados são atraso mental, deficit intelectual, paralisia, convulsões, entre outros. A malformação congênita pode ter diversas causas e ser originada de vírus, bactérias ou radiação. No Brasil, o aumento no número de casos da síndrome é relacionado ao vírus da Zika.
A microcefalia não tem cura, porém existem métodos que possibilitam uma melhor qualidade de vida para o bebê. O diagnóstico pode ser feito durante a gravidez, por meio dos exames de pré-natal.