Araripina vive uma situação sui generis, tendo um prefeito que trabalha conforme ou perto do que foi prometido.
Por Ronaldo Lacerda
Referindo-se a cursos d’água seria no mínimo estranho falar de água dormente à jusante. Dormentes são as águas represadas, paradas, sejam muitas ou poucas, desde que antes da parede de barramento ou em lagos sem sangradouros, coisa do gênero. Portanto, água dormente está à montante, ou antes da parede de barramento, e nunca quando deveria descambar para o mar, jusante.
O palavrório acima tem o fito apenas de situar o leitor mais desacostumado com temas hídricos, para engatar no político.
Acontece que Araripina vive uma situação sui generis, tendo um prefeito que trabalha conforme – ou perto – do que foi prometido em palanque mas padece para manter perto de si a base aliada, ou pelo menos aquela ala que detém o poder de comunicação. Que Alexandre Arraes, em termos administrativos, é um grande lago (de obras) sem correnteza (eleitoral) à jusante do seu grupo em Araripina isto ficou provado na eleição passada, quando sua esposa Roberta foi largada à própria sorte na disputa por uma vaga na Assembleia Legislativa.
Abertas as urnas, confirmou-se apenas o que boa parte do QG da conspiração já previa: Roberta Arraes derrotada em Araripina, e diga-se de passagem, derrotada pelo próprio grupo, ou parte dele, haja vista que sua adversária na disputa, que saiu-se majoritária, praticamente abdicou do direito de fazer campanha na reta final, sobretudo no dia da votação.
A situação é mesmo sui generis e disso poucos usam argumentos convincentes para discordar.
Perguntado se o prefeito trabalhou, a resposta de qualquer um é SIM. Perguntado quais as principais obras, todos sabem citar várias: Perimetral, estrada do aeroporto, Hortigranjeiro (reformas), estrada de Rancharia, de Nascente, Escola Técnica, muitos poços, muitos bairros calçados ou sendo asfaltados, sistemas de abastecimento, muitas escolas nucleadas, postos de saúde reformados e ampliados, muitas quadras esportivas.
Entre os ex-prefeitos, apenas Valmir Lacerda chega no jogo com cartas na mesa para uma boa disputa. Do ponto de vista de equilíbrio entre compras e pagamentos, há que se questionar algo após a eleição, quando o fluxo sofreu alterações, com mais gastos e retração de receitas. Mas esta é uma situação alastrada por todo Pais e com a qual Araripina já se acostumou nos últimos anos. Não seria motivo, portanto, para aliados de peso, com suas contas e tamanho em dia na prefeitura, espernearem e usarem experiência polícia e força nas bases para estancar, represar, ou como diz o título da postagem, fazer de Alexandre Arraes ‘água dormente’ .