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Temer recebeu propina de R$ 15 milhões da JBS

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Do UOL

O presidente Michel Temer (PMDB) teria recebido valores próximos a R$ 15 milhões em pagamentos de vantagens indevidas em 2014, segundo delação de Ricardo Saud, diretor de Relações Institucionais da JBS. A quantia teria como contrapartida atuação favorável aos interesses do grupo J&F, controlador do frigorífico JBS. O STF (Supremo Tribunal Federal) derrubou o sigilo das delações do grupo nesta sexta­feira (19).

Os depoimentos, que também foram feitos por um dos donos da JBS, o empresário Joesley Batista, apontam “solicitação de vantagem indevida por parte do atual presidente da República, bem como do deputado federal Rodrigo da Rocha Loures (PMDB­PR), no montante de 5% do lucro obtido com o afastamento do monopólio da Petrobras no fornecimento de gás a uma das empresas do grupo”.

“Além disso, haveria solicitação de outros valores relacionados à atuação em benefício do grupo empresarial J&F no tocante ao destravamento das compensações de créditos de PIS/COFINS com débitos do INSS”, aponta a delação.

O pagamento teria relação com o apoio do PMDB à reeleição de Dilma. “Eu trouxe o PMDB inteiro, como é que não tem nada para mim?”, teria dito Temer segundo relato de Saud.

Saud reclamou para o tesoureiro da campanha da petista, o ex­ministro Edinho Silva, da cobrança de Temer por verba para campanha. “O homem quer R$ 15 milhões e você tá deixando R$ 5 milhões aqui”, relembra o diretor.

Após analisar a situação, Edinho teria autorizado o repasse a Temer. “Aí veio a ordem para dar os R$ 15 milhões do Temer. Do PT para o PMDB para a campanha do Temer”. Saud foi, então, comunicar o então vice­presidente do acerto em reunião no palácio do Jaburu, residência oficial do vice­presidente. “E ele falou: ‘você me dá uma semana que nós vamos mostrar como a gente vai fazer com esse dinheiro'”.

Segundo o delator, com os R$ 15 milhões, ele ajudou os ex­deputados federais Eduardo Cunha (PMDB­RJ) e Henrique Eduardo Alves (PMDB­RN) e colocou parte da quantia no PMDB Nacional.

Joesley e Saud ainda apontam pagamentos de forma corrente em favor de Roberta Funaro, como suporte financeiro em razão da prisão de seu irmão, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, tido como operador do PMDB no esquema de corrupção na Petrobras investigado pela Operação Lava Jato.

O empresário e Rocha Loures voltaram a se encontrar em outras duas oportunidades após a reunião entre Temer e Joesley, que prometeu “lançar mais crédito na planilha” à medida em que ações políticas que favorecessem o grupo J&F fossem bem­sucedidas.

Joesley citou, por exemplo, que seria benéfico a ele se o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) concedesse uma liminar que afastasse o monopólio da Petrobras no fornecimento de gás para uma termelétrica do grupo, de acordo com a delação do empresário.

O dono da JBS acreditava que obteria lucro caso isso acontecesse e prometeu “abrir planilha” e repassar 5% desse valor a Temer. O representante do presidente, Rocha Loures, aceitou o acordo. Após a divulgação da delação, o Cade negou ter adotado qualquer tipo de  favorecimento ao grupo J&F.

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