“Com Dilma, as conversas já vinham acontecendo. Tinha um relacionamento, digamos, mais antigo”, frisou Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações institucionais da empreiteira.
Folha de S.Paulo
Um hotel perto do aeroporto de Guarulhos, em São Paulo, foi o local do primeiro encontro em 2014 entre Marina Silva (Rede), então presidenciável pelo PSB, e Marcelo Odebrecht, herdeiro e ex-presidente da empreiteira. Quem relata o encontro é Alexandrino Alencar, ex-diretor de relações institucionais da empreiteira. O depoimento integra a delação do executivo à Lava Jato, divulgado na quarta-feira (12).
“A partir daí, houve uma conversa de Marcelo com ela, onde foram colocados posicionamento e valores -valores culturais, não monetários-, e estratégias”, diz.
Alencar contou que, após as conversas, a empreiteira acertou doação de R$ 1,25 milhão à campanha, em recursos declarados à Justiça. “Não teve compromisso [com alguma contrapartida]. Nem Marcelo, nem eu [falamos disso]. Foi muito mais uma conversa de aproximação.”
Ex-diretor de relações institucionais da Odebrecht, Alexandrino era responsável por acertar doações a políticos e a campanhas eleitorais.
Em 2014, o executivo teve “atuação bem específica nas doações para as candidaturas da Presidência da República das duas candidatas”, Marina Silva e Dilma Rousseff (PT). Marina não é investigada na Lava Jato. Dilma é alvo de inquérito em primeira instância.
Alencar trabalhou no repasse de R$ 7 milhões em doações legais à petista. Os investigadores questionaram a “diferença expressiva” em relação ao montante destinado a Marina. Segundo Alencar, o “timing” explica a distância entre os valores, “pela história que aconteceu”.
“O candidato era o [Eduardo] Campos, e teve esse fato [o acidente aéreo que o matou durante a campanha]. Com Dilma, as conversas já vinham acontecendo. Tinha um relacionamento, digamos, mais antigo.”
OUTRO LADO
Por meio de sua assessoria de imprensa, Marina Silva diz que se sua campanha foi procurada pela Odebrecht e que a candidata se reuniu com Marcelo Odebrecht e outros dirigentes em uma sala no Hotel Pullman, em Guarulhos.
No encontro, falaram das “principais propostas para o desenvolvimento sustentável do país”.
A ex-senadora diz que não tratou de “nenhum assunto referente a financiamento de campanha”. E que o grupo doou R$ 598,5 mil à candidata, além de R$ 600 mil ao diretório do PSB, não direcionados à campanha.
Coninue lendo: Odebrecht doou para Marina após encontro em hotel