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Guerra no Oriente Médio: Um ano depois, arquitetos do 7 de outubro estão mortos

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Foto: reprodução

Com a confirmação da morte do líder do Hamas, Yahya Sinwar, nesta quinta-feira (17), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que o fato representa “o início do dia após” a existência do grupo terrorista.

Não há dúvidas de que a morte de Sinwar, que havia substituído em agosto Ismail Haniyeh, morto em Teerã em 31 de julho, é uma grande vitória para Israel e um divisor de águas na guerra iniciada com os ataques do Hamas em 7 de outubro do ano passado, quando matou cerca de 1,2 mil pessoas e sequestrou outras 251 em território israelense. A pergunta é: em qual fase o conflito entrará agora?

No seu discurso na Assembleia Geral das Nações Unidas, em setembro, Netanyahu já havia detalhado como o Hamas está esfacelado.

Segundo o premiê, 23 das 24 brigadas do grupo terrorista já foram destruídas. Dos quase 40 mil homens que o Hamas tinha há um ano, mais da metade foi morta ou capturada pelas Forças de Defesa de Israel (FDI). Mais de 90% do arsenal de foguetes da organização e os principais segmentos da sua rede de túneis foram destruídos.

Um indicativo de que o Hamas já não representa a ameaça de antes é que Israel iniciou há poucas semanas uma grande ofensiva no Líbano contra o Hezbollah, com o objetivo de permitir a volta de cidadãos deslocados por ataques do grupo libanês ao norte israelense.

Os houthis do Iêmen e o próprio Irã, principal apoiador do terrorismo contra Israel, também estão vendo a mira de Israel se mover na sua direção.

Com a ameaça militar do Hamas cada vez menor, os impasses que restam em Gaza são a capacidade do grupo terrorista de se rearmar e os 101 reféns que permanecem no enclave palestino – e a postura que Netanyahu adotará diante disso.

Na quarta-feira (16), o xeque Mohammed bin Abdulrahman Al Thani, primeiro-ministro do Catar, um dos países que intermediam as negociações entre Israel e Hamas, disse que nas últimas “três a quatro semanas” não houve qualquer conversa sobre a libertação de reféns.

Nesta quinta-feira, Netanyahu e o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, pediram a libertação dos reféns e a rendição do Hamas, o que deixa claro que esse é o único cenário em que o governo israelense admitirá um cessar-fogo.

O futuro do Hamas: “Todo líder tem um sucessor”
O novo líder do Hamas ainda não foi escolhido. Entre as poucas lideranças importantes do grupo terrorista ainda vivas, estão Mousa Abu Marzook e Khaled Mashal. Ambos residem no Catar e já lideraram o braço político do Hamas, cargo que foi exercido por Sinwar.

O analista Yonah Jeremy Bob, do The Jerusalem Post, num artigo publicado logo após a confirmação da morte de Sinwar, ponderou que o Hamas continuou existindo mesmo após momentos em que esteve encurralado no passado.

“Historicamente, Israel matou muitos dos principais líderes do Hamas em momentos em que a organização era menor, e esta sempre conseguiu seguir em frente, em parte porque muitos de seus recrutas em todos os níveis estão extremamente comprometidos com seu objetivo de destruir Israel, de tal forma que qualquer um é substituível”, escreveu Bob, que destacou, entretanto, que não resta dúvida de que a morte de Sinwar foi “um grande golpe que poderá enfraquecer o Hamas significativamente, até mesmo além de onde caiu até este momento”.

O analista ponderou que, com Sinwar, Mohamed Deif, Marwan Issa, Haniyeh, Salah al-Arouri e outros importantes líderes do Hamas eliminados, os arquitetos dos ataques de 7 de outubro estão todos mortos, e Netanyahu poderia mostrar “um pouco mais de flexibilidade sobre quem comandará Gaza em seguida”.

“Mas se o primeiro-ministro — seja ideologicamente ou devido a preocupações sobre ataques eleitorais [dos partidos da sua coalizão] à sua direita — decidir que deve manter a guerra em andamento até que tenha alcançado algum tipo de fim amorfo para o Hamas em Gaza politicamente, a guerra pode se arrastar significativamente por mais tempo”, disse Bob.

Em um artigo, Masoud Mostajabi, pesquisador do Oriente Médio no think tank Atlantic Council, afirmou que um cessar-fogo segue distante no curto prazo.

“No terreno, a morte de Sinwar provavelmente será retratada [pelo Hamas] como um ato de martírio e heroísmo, particularmente em meio a relatos de que ele foi morto em trajes de combate ao lado de seus soldados. Como Amos Yadlin, um ex-chefe de inteligência das FDI, apontou, todo líder tem um sucessor”, disse.

“A questão urgente agora é se a nova liderança, dentro da insurgência profundamente entrincheirada de Gaza, estará disposta a desescalar e negociar — e se há alguém do outro lado disposto a fazer o mesmo”, afirmou Mostajabi.

No seu discurso na ONU, Netanyahu pregou o fim absoluto do Hamas. “Se o Hamas permanecer no poder [em Gaza], ele se reagrupará, se rearmará e atacará Israel de novo e de novo e de novo, como prometeu fazer. Então, o Hamas tem que acabar”, disse o premiê.

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