O mega-ataque realizado na noite de sexta-feira (27) por Israel contra o QG do Hezbollah em Beirute matou Hassan Nasrallah, 64, o todo-poderoso líder do grupo extremista libanês. Forças israelenses confirmaram a morte neste sábado (28).
“Hassan Nasrallah está morto”, declarou um porta-voz do exército, Nadav Shoshani, na rede social X. Outro porta-voz, David Avraham, confirmou à AFP que o chefe do Hezbollah foi “eliminado”.
O assassinato, em uma ação que botou abaixo seis edifícios com bombas desenhadas para destruir bunkers, é o momento mais dramático em 18 anos de atrito desde que israelenses e o Hezbollah se enfrentaram na mais recente guerra entre os dois.
A operação foi a culminação de dez dias de escalada por parte de Israel, que declarou ter perdido a paciência após quase um ano de ataques fronteiriços. O Hezbollah lançou estimados 9.300 foguetes e mísseis até aqui, como forma de apoiar o Hamas.
O grupo terrorista palestino havia atacado o Estado judeu de forma inédita e bárbara em 7 de outubro de 2023, matando cerca de 1.200 pessoas e sequestrando outras 251. Essa crise segue inconclusa, com o Hamas bastante enfraquecido, mas ainda vivo, e com ao menos 64 reféns que Tel Aviv diz estarem vivos.
Assim, a violenta ação de Israel, que começou com pagers de membros do Hezbollah explodindo em uma gigante ação coordenada e acabou com a morte de Nasrallah, é objeto de dúvidas acerca da motivação do premiê Binyamin Netanyahu —interessado em manter o poder com o apoio que tem da direita ultrarreligiosa.
Seja como for, dezenas de comandantes e seus substitutos foram mortos nas fileiras do Hezbollah, e o grupo perdeu alegados 50% de seu arsenal de mais de 150 mil mísseis e foguetes. Desde a guerra de 2006, que terminou num empate favorável ao grupo, ele nunca foi tão afetado.
Isso leva a dúvidas sobre sua capacidade de reação. Na noite de sexta, quatro horas depois do bombardeio em Beirute, que deixou ao menos outros dois mortos e 76 feridos, os extremistas dispararam 65 projeteis contra o norte de Israel.
Há ponderações de outra natureza. O Irã, que banca o Hezbollah e o Hamas, além de outros grupos da região, pode com essa degradação do Hezbollah perder um grande anteparo entre o poderio de Israel e suas forças.
Isso pode tanto levar a teocracia iraniana a ainda mais comedimento, para evitar se expor e talvez tentar salvar o arsenal restante dos aliados, ou a emular o comportamento de abril —quando lançou sem sucesso militar 330 mísseis e drones pela primeira vez na história contra Israel.
Naquela ocasião, contudo, havia uma vingança pontual em curso, devido ao ataque israelense à embaixada iraniana em Damasco, na Síria. Quando o morto era um convidado ilustre a Teerã, o então líder do Hamas Ismail Haniyeh, as promessas de dura retaliação ficaram no ar.