Fernando Haddad vê fantasminhas. O espírito do arcabouço fiscal o ronda. É a alma penada da regra natimorta que o atormenta. Fantasmão, o da credibilidade perdida. Natural que o chame de ruído.
Antes fosse. Lula é coerente e dá materialidade ao espectro. Obstinado por um Estado como alavanca do crescimento. “Não teria aceitado o novo marco fiscal se isso tivesse mudado substancialmente” – disse o ministro da Fazenda ao Valor.
O governo é Dilma 3 e o presidente não pode ser acusado de estelionato eleitoral. A raia fiscal foi improvisada para corridas à larga. Não há rumor. Há constatação tardia.
Haddad – pai da assombração – vendeu equilíbrio que não poderia entregar. Agora tem de lidar com o presunto do arcabouço exposto, de repente descoberto. Não cheira bem. Foi mexer na meta. (E houve quem celebrasse as maquiagens que apenas adiaram esse encontro com o mundo real.) Fedeu. Sempre foi questão de tempo. Enfim, o corpo morto alterado. Vilipendiado. Para levantar uns bilhões. Qual fantasminha não reagiria ao ultraje de sua matéria?
A banalização da mudança de meta fiscal a se exibir – exibida a irresponsabilidade dos governantes – quando necessário crédito extra para demanda excepcional de verdade; como a do Rio Grande do Sul.
Haddad prometeu equilíbrio fiscal, superávit em 25, enquanto receitava – seus “compromissos iniciais” – reforma tributária, marco fiscal e corte de gastos tributários. Fez isso à base da anestesia conhecida por PEC da Transição. Foram cerca de R$ 150 bilhões, em 23, para o ministro “surpreender o mercado com seus compromissos fiscais”. A grana acabou. Os fantasmas ora vindo cobrar papai. E ainda estamos em 24.
A reforma tributária foi levada à sala 171 para que Lira mantenha aquecido o próprio café. Sete os relatores que farão a cama ao “imposto do pecado”. Assombração nenhuma terá coragem de entrar ali.
O marco fiscal, morto que continua morrendo, era inviabilidade grotesca na origem. Todo mundo fez conta. Houve quem preferisse se fingir de distraído para exercitar a esperteza e armar posições.
Corte de gastos será só o tributário mesmo – com insuficiência expressa na campanha contra o fim da desoneração da folha de pagamentos.
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O governo é Dilma 3 e a despesa – a constante do natimorto fiscal – crescerá sempre. Ajuste, somente pela arrecadação. Ferramenta já saturada. E então as engenharias criativas pela fabricação de dinheiros; onde estamos. Haddad assombra Haddad. Pedale-se.