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Perigo da impopularidade: Alta da desaprovação, fruto da falta de rumo, pode estimular Lula a acelerar a demagogia

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Foto: Sebastião Moreira/EFE

Editorial – Estadão

A recente pesquisa Genial/Quaest mostrou que, pela primeira vez neste terceiro mandato do presidente Lula da Silva, o porcentual de brasileiros que aprovam e desaprovam o governo ficou tecnicamente empatado: 50% aprovam o governo, enquanto 47% desaprovam, com margem de erro de 3 pontos porcentuais. Para significativos 63%, Lula não está cumprindo o que prometeu, enquanto apenas um terço do País (32%) acredita no contrário. Só governistas e petistas mais empedernidos darão preferência a alguns poucos índices positivos que a pesquisa traz – como a boa avaliação sobre o trabalho de socorro no Rio Grande do Sul. Houve quem destacasse ainda que Lula conseguiu parar a trajetória de queda da avaliação: desde agosto de 2023 o porcentual dos que aprovam o mandato caiu a cada levantamento e, agora, a oscilação se mostrou estável na comparação com a pesquisa anterior, de fevereiro.

Com uma gestão tisnada pela mediocridade e pela repetição de velhos erros, jogar luz sobre a metade cheia do copo de avaliação pode fazer parecer que a tormenta chegou ao fim. Engano. O dado mais eloquente da pesquisa é o crescimento contínuo da massa da população que desaprova o governo: uma curva ascendente desde agosto do ano passado. A economia foi mais uma vez citada como o principal problema do País, à frente da saúde e da violência. Fiel ao DNA de quem tem plena convicção de que a história do Brasil começa e termina com ele, Lula até aqui ou adotou o discurso triunfalista, ou culpou ministros por não saberem “contar a verdade”, ou ainda responsabilizou o pouco tempo de mandato para cumprir o que prometeu.

Lula e seus bajuladores têm possíveis caminhos a escolher. Um deles é o modo delirante, que até aqui domina os corações da caciquia lulopetista: continuar achando que a desaprovação é culpa da “percepção” da população, incapaz de ver e reconhecer os grandes feitos de seu mandato. Segundo tal ótica, a maioria ainda não conseguiu se dar conta de que a economia melhorou, com inflação controlada e queda do desemprego, por exemplo; logo, isso se resolve com uma comunicação oficial mais eficiente. Há também o modo realista: entender as fragilidades da gestão, construir enfim um plano para o que resta de governo, analisar o baixo impacto de indicadores econômicos sobre a vida real da população – cujo poder de compra real está abalado – e corrigir rotas, de modo a produzir resultados no longo prazo.

Levando-se em conta a vocação do PT de ignorar a realidade e a ambição de Lula de ser reconhecido como o maior líder político da história brasileira sem que, para isso, seja necessário governar de fato, é natural que o lulopetismo esteja a administrar o Brasil com base em pesquisas de opinião. Assim, ansioso para produzir números positivos no curto prazo, é provável que o presidente dobre a aposta no populismo que marcou o desastroso mandarinato petista encerrado com o impeachment de Dilma Rousseff. Afinal, sempre que precisou escolher entre a responsabilidade e a popularidade, Lula nunca titubeou. Para ele e seus discípulos petistas, só há vida na gastança desenfreada e na sabotagem aos que tentam impor racionalidade no manejo do dinheiro público.

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