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Contador de Lulinha é alvo de busca pela PC de SP; suspeito e sua mulher ganharam 640 vezes na loteria

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Foto: @blogdojoaomunizleite via Facebook

O contador João Muniz Leite, de 60 anos, é um dos alvos da Operação Fim da Linha, deflagrada na manhã desta terça-feira, 9, pelo Grupo Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco). A 1ª Vara de Crimes Tributários, Organização Criminosa e Lavagem de Bens e Valores da Capital expediu mandado de busca e apreensão em busca de provas que corroborem os indícios de que ele seria um dos personagens centrais na montagem do esquema de lavagem de dinheiro da facção pela empresa de ônibus UPBus.

Quando começou a ser investigado em 2021 no âmbito da Operação Ataraxia, do Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos (Denarc), Muniz era suspeito de ter amealhado 55 prêmios na loteria. Ao ser ouvido pelos policiais, meses depois, ele admitiu ter ganhado 250 vezes na mais diversas loterias, conforme revelou o Estadão em fevereiro.

Mas o número não para de crescer. Desta vez, dados trazidos à investigação pela Polícia Federal mostram que a sorte do contador foi muito maior. O inquérito da PF mostrou que ele e a mulher, Aleksandra Silveira Andriani ganharam juntos 640 vezes nas LotofácilMega Sena e Quina. No caso de Aleksandra, foram 462 prêmios entre 18 de dezembro de 2020 e 25 de novembro de 2021, recebendo R$ 2,45 milhões, após ter apostado R$ 2,14 milhões. Já o marido, de 3 de janeiro de 2019 a 17 de abril de 2021 foi agraciado com 178 vezes, auferindo R$ 17.528.815,00, depois de apostar R$ 381.625,00.

Muniz ficou conhecido como o Contador do Lulinha por ter trabalhado para Fábio Luis Lula da Silva, o Lulinha, filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a quem também prestou serviços. Muniz chegou a ser ouvido como testemunha durante a Operação Lava Jato no processo do caso do triplex do Guarujá, pelo então juiz Sérgio Moro. De 11 de novembro de 2019 até 31 de julho de 2023, segundo dados da Junta Comercial de São Paulo, Lulinha manteve uma de suas empresas, a G4 Entretenimento e Tecnologia Digital Ltda, registrada no mesmo endereço do escritório de Muniz, na zona oeste da capital. A defesa de Lulinha diz que as investigações sobre Muniz nunca atingiram o filho do presidente.

Em meio à investigação sobre a captura do sistema de transportes pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), os investigadores encontraram indícios da formação de uma grande rede de negócios para a lavagem de dinheiro do crime organizado, que inclui escritórios de contabilidade, agentes, fundos imobiliários, empresas de máquina de cartão de crédito e débito e distribuidoras de combustível.

É nesta rede de empresários, contadores, advogados e criminosos que entram as suspeitas envolvendo Muniz e seus clientes ligados à UPBus. Nos últimos sete anos, enquanto a empresa registrava prejuízos de até R$ 5 milhões por ano, só um de seus acionistas, Admar de Carvalho Martins, teria recebido R$ 15 milhões em “lucros distribuídos”.

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