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Desconfiança: Fuga de estrangeiros põe Bolsa brasileira na lanterna dos mercados globais

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Foto: Sebastião Moreira/EFE

A saída líquida de R$ 21,2 bilhões da B3 – a Bolsa de Valores brasileira – desde o começo do ano fez seu principal índice de ações ter o pior desempenho entre os mercados globais no primeiro trimestre de 2024.

De janeiro ao fim de março, o Ibovespa acumulou queda de 4,53%, o pior desempenho de uma lista de 41 índices de pouco mais de 30 países. Os dados são do levantamento da Elos Ayta Consultoria em parceria com a plataforma Investing.com.

O comportamento dos mercados no mundo todo foi afetado pela mudança na trajetória de queda de juros nos Estados Unidos – a taxa americana é o principal referencial para os players internacionais escolherem onde aportar seus recursos.

Mesmo assim, muitos mercados conseguiram atrair investidores graças à dinâmica das economias locais. Do total de índices computados, apenas oito tiveram resultado negativo. Mesmo em países emergentes houve desempenhos positivos: na Índia, por exemplo, o Nifty50 alcançou alta de 2,74% desde o início do ano; na Rússia, em guerra, o MOEX teve alta de 6,75%. Índices em oito países, mais o europeu Euro Stoxx 500, tiveram alta acima de 10%. O líder do ranking foi o BIST100, da Turquia, com valorização de 21,55% no ano.

Interferência do governo Lula em estatais e empresas privadas pesa contra
No Brasil, o vetor externo negativo foi potencializado pelas atitudes e declarações do governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em especial as reiteradas tentativas de interferência em empresas estatais, como a Petrobras, e privadas, como a Vale.

No caso da petroleira, a pressão sobre o conselho de administração para reter a distribuição de dividendos extraordinários fez a companhia perder mais de R$ 55 bilhões em valor de mercado em um dia, em 8 de março.

Além do mau humor no mercado financeiro, o tema mobilizou a oposição ao governo no Congresso. A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado chegou a aprovar um convite ao presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, para prestar esclarecimentos sobre a possível interferência governamental na companhia.

Em relação à Vale, privatizada há 27 anos, contribuíram para a volatilidade das ações o imbróglio envolvendo a sucessão e a insistência do governo em emplacar o nome de Guido Mantega na presidência da mineradora ou pelo menos em seu conselho de administração.

O conselho da empresa decidiu prorrogar o mandato do atual presidente, Eduardo Bartolomeo, até o fim do ano, num episódio que gerou a renúncia de um conselheiro – ele deixou o colegiado falando em “influência política” e “manipulação” no processo.

No acumulado do ano, a ação da companhia (VALE3) caiu cerca de 22%, também prejudicada pelos preços relativamente baixos do minério de ferro, e foi responsável por mais de 50% de toda a desvalorização do Ibovespa. (Gazeta do Povo)

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