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Guardas municipais do Recife são presos em operação contra comércio ilegal de armas de fogo

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Foto: divulgação PC PE

Policiais militares também são investigados por esquema de compra de armas legais para vender a facções criminosas que atuam em Pernambuco

Uma operação da Polícia Civil de Pernambuco prendeu 15 pessoas, incluindo três guardas municipais do Recife, suspeitas de participação no comércio ilegal de armas de fogo. Durante o cumprimento de mandados, nessa terça-feira (23), outras quatro pessoas foram presas em flagrante com armas e drogas. Quase R$ 2 milhões foram bloqueados do casal que liderava o grupo criminoso.

Detalhes das investigações foram apresentados pelos delegados nesta quarta-feira (24). Segundo a polícia, o grupo realizava a aquisição de armas de fogo legalmente em lojas e, após danificar os sinais identificadores, elas eram vendidas para facções criminosas que atuam no Estado. No cardápio, havia metralhadoras e vários tipos de pistolas.

“Os líderes cooptavam pessoas, como guardas municipais e policiais militares, que tinham facilidade junto à Polícia Federal e ao Exército para adquirir as armas. Nossa investigação começou a partir do momento em que as primeiras armas foram apreendidas durante prisões. Já conseguimos apreender mais de 20, mas acreditamos que o número de armas circulando é muito maior. Um ‘laranja’ conseguiu comprar 52 mil munições”, afirmou o delegado Álvaro Grako, titular da Delegacia de Repressão aos Roubos e Furtos.

O alto número de armas de fogo legais adquiridas em lojas, nos últimos anos, foi possível graças aos decretos assinados pelo ex-presidente Jair Bolsonaro que flexibilizaram as regras.

A operação foi denominada Rainha das Armas porque uma das líderes do grupo é uma mulher.

“Ela é muito articulada, fria e inteligente. Inclusive já tinha um processo pelo crime de estelionato em São Paulo, onde morou por muitos anos. Ela veio para Pernambuco onde tinha uma união estável com um ex-presidiário, que também liderava o comércio de armas de fogo”, disse o delegado.

A mulher é dona de uma casa de bronzeamento artificial localizada no Barro, Zona Oeste do Recife. Lá, também é a residência do casal, que foi preso na operação. “No momento em que os policiais chegaram, o marido dela chegou a jogar 1,3 quilos de cocaína no telhado da casa, mas conseguimos recuperar”, relatou Diego Jardim, adjunto da Delegacia de Repressão aos Roubos e Furtos.

Os nomes e idades dos líderes não foram informados, por causa da Lei de Abuso de Autoridade.

Segundo os investigações, o marido da Rainha das Armas chegou a ser preso com armas de fogo em 2020. Pouco tempo depois foi solto. No ano passado, ele foi preso novamente com cerca de dez armas. E, atualmente, estava em liberdade usando tornozeleira eletrônica.

Durante a investigação, a polícia identificou que a mulher adquiria imóveis no Recife e em praias do Litoral Sul de Pernambuco. “Ela não chegava a registrar os imóveis no momento da aquisição para que eles não fossem bloqueados. Mas a investigação conseguiu identificar quatro e houve o bloqueio dos bens”, contou Álvaro Grako.

ESQUEMA DE TRÁFICO DE DROGAS

Além do comércio ilegal de armas de fogo, o grupo era envolvido com o tráfico de drogas.

“A mulher tinha fornecedores em São Paulo, onde também foi realizada a operação. Quatro pessoas foram presas. Ela cooptava mulheres e pagava passagens para que elas viajassem para São Paulo, onde pagava a cocaína. Essas ‘mulas’ voltavam de ônibus para o Recife, sempre à noite, porque havia menos risco de abordagem”, explicou Grako.

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