O recente aumento da incerteza em torno da meta fiscal levou a um maior prêmio de risco, afirmou o Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central em ata publicada nesta terça-feira (7).
“O comitê vinha avaliando que a incerteza fiscal se detinha sobre a execução das metas que haviam sido apresentadas, mas nota que, no período mais recente, cresceu a incerteza em torno da própria meta estabelecida para o resultado fiscal, o que levou a um aumento do prêmio de risco”, disse.
Na sequência, o colegiado do BC repetiu textualmente a mesma mensagem do encontro anterior, em setembro, sobre a importância de perseguir os alvos já estabelecidos para que as expectativas de inflação dos economistas caminhem em direção aos objetivos traçados.
O debate sobre o risco fiscal voltou a ganhar força no fim de outubro, quando o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que “dificilmente” o país iria atingir o objetivo de zerar o déficit no próximo ano, conforme prometido pelo ministro Fernando Haddad (Fazenda).
O Copom disse que as expectativas de inflação dos agentes de mercado continuam distantes dos alvos perseguidos e são um fator de preocupação. De acordo com os membros do comitê, a redução das expectativas requer atuação firme da autoridade monetária, bem como contínuo fortalecimento da credibilidade e da reputação das instituições e dos arcabouços fiscal e monetário.
“O comitê reforçou a visão de que o esmorecimento no esforço de reformas estruturais e disciplina fiscal, o aumento de crédito direcionado e as incertezas sobre a estabilização da dívida pública têm o potencial de elevar a taxa de juros neutra da economia, com impactos deletérios sobre a potência da política monetária e, consequentemente, sobre o custo de desinflação em termos de atividade”, disse.
Na última quarta-feira (1º), o Copom (Comitê de Política Monetária) do BC decidiu de forma unânime reduzir a taxa básica de juros (Selic) em 0,5 ponto percentual, de 12,75% para 12,25% ao ano.
A autoridade monetária manteve sua estratégia, apesar dos ruídos provocados pela discussão sobre uma possível revisão da meta fiscal de 2024. (Folha de SP)