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Líder do MST diz que “insatisfação com o governo Lula é grande” e cogita novas invasões

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Foto: reprodução

O coordenador nacional do Movimento Sem Terra (MST), João Paulo Rodrigues, disse neste sábado (23) que há uma grande insatisfação com o governo Lula por parte do movimento. Uma das demandas do MST desde o início do ano é que o governo compre mais terras para serem destinadas à “reforma agrária”.

Porém há um novo motivo de insatisfação: segundo Rodrigues, há lentidão na compra de produtos da agricultura familiar pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que integra o governo. O movimento esperava maior volume de compras por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) – medida que aumenta as compras de alimentos de cooperativas, grande parte delas comandadas pelo MST, por órgãos públicos.

“Até agora o governo não comprou um quilo de alimento da agricultura familiar dentro do PAA. As famílias se preparam para isso, plantam com essa expectativa. A insatisfação é grande”, disse à Folha de S. Paulo o líder nacional do movimento, que não descarta uma retomada de protestos dos ativistas.

“Minha preocupação é que em algum momento as famílias comecem a fazer uma reclamação nacional, indo para a estrada, parando rodovias, por exemplo. Não está prevista no momento uma jornada de ocupações, mas já há uma reclamação de que precisaremos de cinco mandatos do Lula para concluir o processo de reforma agrária”, afirma.

Apesar de carregar a bandeira da reforma agrária, o MST é contra a titulação de terras públicas para os agricultores. O movimento defende que o título de terras seja coletivo e não privado – na prática, tal modelo permite muito mais espaço para que lideranças do movimento usufruam das terras e mantenham sua influência nos assentamentos. A titulação de fato, que é o que mais interessa aos pequenos produtores, é rechaçada pelo movimento, já que refletiria em um crescente declínio de poder para o grupo.

Líder do MST já fez críticas ao governo Lula anteriormente
João Paulo Rodrigues é um dos principais porta-vozes do MST quando o assunto são críticas públicas ao governo Lula. Ele foi o autor da frase, em fevereiro, de que estava “começando a acender a luz amarela” na relação entre o grupo de sem-terra e o governo. Na ocasião, ele reclamava da demora na indicação do novo presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra).

Mesmo com as críticas, o militante é bastante próximo a Lula e a vários membros do alto escalão do executivo, e com frequência se reúne com representantes do Executivo para demandar benefícios ao movimento que representa. O MST foi um dos vários movimentos sociais que apoiou a candidatura de Lula e, após a vitória do petista, passou a pleitear cargos no governo para seus representantes.

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