Ex-presidente depôs como testemunha de defesa de Eduardo Cunha.
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SÃO PAULO — No primeiro depoimento ao juiz Sérgio Moro, como testemunha de defesa do deputado cassado Eduardo Cunha, o ex-presidente Lula afirmou que desconhece a participação do ex-deputado na nomeação do ex-diretor da área internacional da Petrobras Jorge Zelada e na compra, pela Petrobras, de uma área para exploração de petróleo em Benin, na África. As perguntas, porém, foram feitas apenas pela defesa de Cunha. Segundo advogados presentes na audiência, Moro não fez perguntas a Lula.
O Ministério Público Federal acusa Cunha de ter recebido propina relacionada ao negócio fechado pela estatal, por ter indicado Zelada para o cargo. O pecuarista José Carlos Bumlai, amigo de Lula, que também foi arrolado como testemunha de Cunha, não respondeu a perguntas feitas pela defesa de Cunha. Uma delas foi se a nomeação de Nestor Cerveró para diretor financeiro da BR Distribuidora havia sido relacionada a algum tipo de “arranjo financeiro”.
Cerveró antecedeu Zelada na diretoria internacional da Petrobras e teria sido premiado pelo PT com o cargo na BR por ter ajudado a quitar a dívida de Bumlai no Banco Schahin, de R$ 12 milhões, oferecendo um contrato de operação de sondas para uma das empresas do Grupo Schahin. Bumlai confessou ter retirado o empréstimo em seu nome, para o PT, e foi condenado a nove anos de prisão pelo juiz Sérgio Moro. Por determinação do Supremo Tribunal Federal, o pecuarista cumpre prisão domiciliar.
Bumlai deixou de responder perguntas de fatos que poderiam lhe envolver, já que segue na condição de investigado na Lava-Jato. Em relação à participação de Cunha no contrato de Benin, o pecuarista disse desconhecer os fatos.