Denúncias devem atingir mais de 130 deputados, senadores, ministros e pelo menos 20 governadores e ex-governadores.
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BRASÍLIA – O presidente Michel Temer reconheceu neste domingo que está preocupado com as denúncias apresentadas dos executivos da Odebrecht a partir de acordos de delação premiada com a Procuradoria-Geral da República. Pelas informações disponíveis até o momento, o ex-presidente da Odebrecht e mais 76 executivos da empreiteira fizeram acordos de delação. As denúncias deverão atingir mais de 130 deputados, senadores, ministros e pelo menos 20 governadores e ex-governadores, entre outros influentes políticos do país.
– Se eu dissesse que não há preocupação, eu estaria sendo ingênuo – disse o presidente foi perguntado se estava com receio de novas baixas no governo.
Temer disse ainda que vai aguardar a homologação dos acordos para decidir o que fazer em relação as denúncias. Os acordos foram fechados e deveriam ser assinados entre quarta e quinta-feira desta última semana. Mas divergência sobre o rateio da multa de mais de R$ 6 bilhões que a empreiteira deverá pagar ao Brasil, Estados Unidos e Suíça forçou a interrupção dos trabalhos. As negociações para o acerto dos detalhes finais devem ser retomadas amanhã.
– Quando vieram (as delações) vou analisar caso a caso – disse.
Temer disse também, neste domingo, não ver motivos para demitir o ministro chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha. O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero disse que também foi pressionado por Padilha no caso do parecer do Iphan em relação ao prédio em área tombada de Salvador, onde Geddel Vieira Lima tem um apartamento. Na coletiva de hoje, Temer foi questionado se manteria Padilha no cargo, mesmo diante da possibilidade de também ter gravação da conversa entre ele e Calero e da interpretação de juristas de que o ministro pode ter cometido crime de advocacia administrativa.
– O que o Padilha fez foi exatamente o que eu, de alguma maneira, disse. Ele (Calero) conversou com o Padilha, disse que tinha esse conflito. O Padilha sugeriu aquilo que a lei determina e mandou ouvir a AGU. Não há razão, neste momento para qualquer medida dessa natureza ( demissão) – afirmou Michel Temer
O presidente reconheceu que teria sido melhor para o governo se a demissão de Geddel tivesse acontecido antes da crise se avolumar. A demissão só se concretizou uma semana após serem divulgadas as denúncias de que o ex-ministro Geddel teria pressionado Calero em benefício próprio. Segundo Temer, seu estilo é de conversar com seus auxiliares e convencê-los da melhor saída, tanto que o próprio Geddel pediu demissão.
– Levou alguns dias e é claro, ganhou uma dimensão extraordinária. Colocou no meu coloco, como seu eu fosse advogado de uma causa, a história do apartamento. A demora não foi útil, não tenho dúvida. Se tivesse demorado menos seria melhor, mas não causa prejuízos de monta – afirmou Temer.