Colegiado aprova uma série de requerimentos para obrigar todos os governadores e prefeitos de capitais da região Norte a prestarem informações sobre contratos e parcerias feitas com ONGs
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado que investiga a atuação de ONGs e recebimento de recursos públicos ouviu os primeiros líderes indígenas nesta terça-feira, 27, que apresentaram denúncias sobre a atuação das instituições em território indígena. Valdeci Baniwa, da comunidade Castelo Branco, localizada no Alto do Rio Negro, afirmou que parte dos indígenas forma cooperativas para buscar novas fontes de renda.
O líder confirmou que a maioria dessas organizações tratam os indígenas como “serviçais” e que o recurso das entidades não são revertidos em serviços para a comunidade. “Já faz quatro décadas que as ONGs estão usando a ponta do dedo dos povos indígenas como uma régua para falar o que pode e não pode ser feito, dizendo que aquilo não faz parte da cultura. Isso que eles fazem para o nosso povo. Já ouvimos falar do Fundo da Amazônia, mas em nenhum momento chegou nas comunidades”, comentou.
Alberto Brazão Goes, yanomami do Amazonas, falou que os povos indígenas querem protagonismo e defendeu que é preciso fiscalizar a atuação das ONGs. “Cogumelo yanomami é vendido no exterior. A grama é 7 euros. Por que na mídia estão dizendo que parente yanomami está morrendo de inanição? Já que existe um projeto que arrecada milhões. É contraditório, né? Nós queremos transparência. Mostra para nós quanto é e quanto vamos usufruir daquilo”, ressaltou.
Os membros da CPI das ONGs também aprovaram uma série de requerimentos para obrigar todos os governadores e prefeitos de capitais da região Norte a prestarem informações sobre contratos e parcerias feitas com ONGs entre 2002 e 2023.