Desde quando foi anunciado o primeiro da lista de 37 ministros, por uma escolha pessoal do presidente Lula, o pernambucano José Múcio Monteiro, da Defesa, caiu em desgraça. Ministros do PT, a direção do partido e petistas que eram mais próximos ao chefe da Nação cuidam de espalhar factoides e fakes na tentativa de desestabilizá-lo emocionalmente e arranhar sua relação com o chefe.
A primeira tentativa, em vão, se deu no fatídico 8 de janeiro, quando insinuaram que Múcio havia falhado na segurança do prédio do Palácio do Planalto e dado declarações em defesa da manutenção dos bolsonaristas acampados em Brasília. O ministro participou de um evento, ontem, em Brasília, e disse o que está caduco em repetir sobre as desigualdades regionais.
De imediato, a mídia trouxe a seguinte frase do ministro em manchetes: “O sonho do pobre do Nordeste é ser pobre no Sul”. Pela chamada, provavelmente de má-fé, o objetivo está muito claro: carimbar José Múcio de racista e preconceituoso, logo ele um nordestino arretado, que se apresenta primeiro como cidadão pernambucano antes mesmo de brasileiro.
Tudo, na verdade, é fruto do chamado fogo amigo do PT. Para desfazer qualquer tipo de interpretação preconceituosa, o ministro da Defesa enviou uma nota à Imprensa enfatizando sua origem pernambucana, com a ressalva de que a declaração teve como objetivo destacar as desigualdades entre as regiões do País. “Conhecedor profundo das desigualdades sociais e econômicas do Brasil, o ministro fez a fala de forma a ressaltar que a diferença da renda per capita entre Nordeste e as regiões Sul e Sudeste é injusta e precisa acabar”, disse a assessoria, na mesma nota.
E quem há de dizer ao contrário, diante de tamanho disparate social e econômico entre o Nordeste e o chamado Sul Maravilha? Como disse em sua intervenção no evento, o que o País precisa é de união e discernimento, para avançar sob os diferentes desafios consequentes da grande extensão territorial do Brasil e suas diversas realidades. Do contrário, o Brasil vai continuar ainda por muito tempo vivendo esse contraste terrível de um Sudeste aparentemente rico e um Nordeste verdadeiramente miserável.
A imprensa pinçou, de forma maliciosa, a frase de José Múcio durante evento virtual do Instituto para Reforma das Relações entre Estado e Empresa (IREE) sobre defesa nacional do Brasil. Dez minutos após, o vídeo já estava nos principais portais de notícias do País e nas redes sociais. Só não deram muito destaque a essa frase dele, no mesmo evento: “Eu acho que nós precisamos sentar e a grande arma que nós precisamos estimular é a arma do diálogo. Vencedores e vencidos precisam sentar-se em algum momento, porque nós temos 10 milhões de desempregados neste País e 33 milhões de pessoas vivendo na base de insegurança alimentar. Este País é um continente, é diferente”.
Antes de embarcar, ontem, para França, onde se integra hoje à comitiva do presidente Lula, o ministro José Múcio disse ao blog que não tira uma vírgula do que falou sobre as diferenças regionais no País. “Pode pegar na internet ou em qualquer lugar. Minhas palestras sobre Nordeste são focadas nesta triste realidade de renda e ascensão social em relação ao Sul e Sudeste”, afirmou, acrescentando: “Nunca vão conseguir me intrigar com meu povo nordestino. Sou nordestino com muito orgulho”. (Blog do Magno)