O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) desembarcou no Brasil nesta quarta-feira (26) depois de uma viagem de quase uma semana pela Europa, trazendo na bagagem poucos acordos. Apesar das expectativas do Palácio do Planalto, a passagem por Portugal e pela Espanha foi marcada por protestos e constrangimentos por conta das acusações do petista contra a União Europeia (UE) sobre a guerra na Ucrânia.
Paralelamente, o desembarque de Lula no Brasil ocorre em meio a diversas crises e impasses dentro do Executivo. Além da instalação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) para apurar os atos do 8 de janeiro, o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), indicou que pretende abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), um aliado histórico do PT.
A volta do petista é considerada por integrantes do Planalto como decisiva para o governo, tendo em vista que as articulações com a Câmara e com o Senado colocarão à prova a base do petista no Legislativo. Entre os testes para o petista estão as votações do novo marco fiscal, que substituirá o teto de gastos do governo, e da indicação de um nome para o Supremo Tribunal Federal (STF), que ocupará a vaga deixada pelo ex-ministro Ricardo Lewandowski.
Aliados de Lula e integrantes da oposição também travam um embate pela ocupação de postos estratégicos, como a presidência e a relatoria, na CPMI do 8 de janeiro. A avaliação do Planalto é de que ter maioria dentro do colegiado pode acabar isolando partidos da oposição como o PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro.
“Nós já conversamos com o bloco do PP e do União Brasil, conversamos com o bloco do MDB e PSD e, enfim, o nosso campo da federação (PT/PCdoB/PV). E eu acho que estamos prontos para indicar os nomes. Os partidos estão se movimentando para definir quem vai presidir ou relatar e nós vamos fazer o acordo”, defendeu o líder do governo na Câmara, deputado José Guimarães (PT-CE).
Apesar das movimentações da liderança do governo, a consolidação da base do governo na Câmara, por exemplo, tem dependido do apoio de Arthur Lira. Isso ficou evidente durante a votação do requerimento de urgência do PL das fake news, que apesar do esforço do Planalto, a proposta só avançou devido ao empenho de Lira.
O placar, no entanto, foi considerado apertado, já que o requerimento foi aprovado por 238 votos a 192. Era necessária maioria simples pela aprovação, ou seja, maioria mais um deputado entre os 431 presentes. Apesar disso, os governistas comemoram, alegando que o resultado foi uma derrota da oposição em um assunto pelo qual fizeram uma intensa mobilização nos últimos dias. (Gazeta do Povo)