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Ex-senador FBC emplaca aliado em importante diretoria da Codevasf

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Foto: Arquivo Blog do Roberto

O governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) indicou para uma das principais diretorias da Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) o advogado Henrique de Assis Coutinho Bernardes, apadrinhado do clã político encabeçado por Fernando Bezerra (MDB-PE), ex-líder da gestão Jair Bolsonaro (PL) no Senado.

Bernardes atuava desde 2021 como assessor parlamentar de Bezerra. A Codevasf foi entregue por Bolsonaro ao centrão e mantida dessa forma pelo novo governo, que promove mudanças em diretorias e nas superintendências estaduais para conseguir apoio no Congresso Nacional.

O advogado ligado ao clã Bezerra se tornou diretor de Desenvolvimento Integrado e Infraestrutura, setor cobiçado por parlamentares por comandar desde a compra de maquinários, como tratores, até obras de pavimentação e da integração do Rio São Francisco.

O governo Lula ainda colocou o engenheiro agrônomo José Vivaldo Souza de Mendonça Filho no cargo de diretor de Revitalização e Sustentabilidade Socioambiental.

A diretoria dada a Bernardes é computada nas negociações do governo como um agrado à União Brasil, partido que abriga o deputado federal Fernando Coelho e o ex-prefeito de Petrolina, Miguel Coelho, ambos filhos do ex-líder de Bolsonaro.

Fernando Bezerra não disputou as eleições de 2022 e deixou o Senado neste ano. Ele foi líder de Bolsonaro até dezembro de 2021. Comandou ainda o Ministério da Integração Nacional no governo de Dilma Rousseff (PT), mas rompeu com a gestão petista à época e votou pelo impeachment da ex-presidente.

Bernardes vai substituir Antônio Rosendo Neto Júnior, que ocupava o mesmo cargo após ter sido apadrinhado pelo PTB na gestão Bolsonaro. Rosendo é aliado do ex-senador Roberto Rocha (PTB-MA).

Como mostrou a Folha de S.Paulo, Fernando Bezerra direcionou mais de R$ 300 milhões em recursos federais para ações da Codevasf na região de Petrolina na gestão Bolsonaro, quando sua família tentava fortalecer a candidatura de Miguel Coelho ao governo do estado.

O filho do ex-senador, porém, terminou a disputa apenas como o quinto mais votado. Ele chegou a declarar voto a Jair Bolsonaro para presidente contra Lula durante as eleições. Já o cargo entregue a José Mendonça Filho era ocupado por Rodrigo Moura Parentes Sampaio, que havia sido indicado pelo senador e ex-ministro da Casa Civil de Bolsonaro, Ciro Nogueira (PP-PI).

O engenheiro atuava como assessor do presidente da companhia, Marcelo Moreira, desde 2019. A nomeação a diretor foi “referendada” pelo deputado Paulo Azi (União Brasil-BA), segundo parlamentares e integrantes do governo que acompanharam as negociações.

Estratégia

As trocas na cúpula da Codevasf fazem parte da estratégia do Palácio do Planalto de negociar cargos no varejo com parlamentares para tentar ampliar a base de apoio no Congresso. O PTB, partido de Roberto Rocha, e o PP, de Ciro, não se aliaram a Lula. Já a União Brasil tem se aproximado do governo e já conseguiu três ministérios – embora a distribuição das pastas não tenha sido suficiente para atrair integralmente a legenda para a base do petista.

Nomeado por Bolsonaro em 2019, o engenheiro Marcelo Moreira deve seguir no comando da estatal na gestão Lula. Ele chegou à presidência da Codevasf com apoio do atual líder da União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA).

A permanência de Moreira no cargo ainda é defendida pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), e pelo senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP). No rito formal, Bernardes e José Mendonça Filho foram indicados pelo Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional e aprovados pelo conselho de administração da Codevasf. As trocas, porém, já haviam sido definidas em acordos do governo Lula com o Congresso.

Também compõem a diretoria da estatal o presidente Marcelo Moreira e Luís Napoleão Neto, aliado de Lira que foi indicado à Codevasf em 2015, na gestão Dilma Rousseff (PT).

O governo Lula decidiu manter a Codevasf sob comando de políticos do centrão no momento em que avança uma apuração sobre suposta corrupção com verbas da estatal. Em 2022 a Polícia Federal levantou suspeitas de que uma empresa pagou propina de R$ 250 mil para um gerente da companhia.

Esse inquérito migrou ao STF (Supremo Tribunal Federal) em 2023, após os agentes da polícia apresentarem indícios de ligação do deputado federal Josimar Maranhãozinho (PL-MA). Além das negociações envolvendo as diretorias da Codevasf, o Planalto também planeja usar as superintendências da estatal para atender a mais aliados.

Hoje, a vaga de superintendente de Pernambuco é de Aurivalter Cordeiro da Silva, que foi indicado pelo clã Bezerra Coelho. Mas, segundo interlocutores do governo e parlamentares, o superintendente poderá ser substituído por um indicado de Sílvio Costa Filho (Republicanos-PE) ou do PSB de Pernambuco, que tem João Campos como o prefeito de Recife.

Embora seja um partido independente ao Planalto, o Republicanos reúne membros que têm negociado cargos individualmente com o governo. Sílvio Costa Filho esteve aliado a Lula desde a campanha. A ideia é tentar nomear uma pessoa que agrade os grupos políticos de Costa Filho, PSB e do clã Bezerra Coelho.

Atraso

Lula fez até o momento poucas trocas nas superintendências – o atraso tem sido motivo de reclamações de parlamentares.

Houve troca no comando da superintendência da estatal Teresina (PI), onde estava Inaldo Guerra, outro aliado de Ciro Nogueira. O governo colocou provisoriamente como substituto José Ocelo Rocha Júnior. O objetivo era tirar o aliado do senador.

Um indicado do senador Marcelo Castro (MDB-PI) deverá assumir o posto. Castro foi relator do Orçamento de 2023 e também é um dos principais aliados de Lula no Senado.

No braço da estatal do Maranhão, o governo retirou um indicado do deputado Aluísio Mendes (Republicanos) e nomeou Clóvis Luis Paz Oliveira ao cargo de superintendente, um apadrinhado do senador Weverton Rocha (PDT).

Em nota, o Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional disse que as indicações à diretoria da Codevasf cumpriram com exigências do conselho de administração da empresa e seguem a lei das estatais. A Codevasf afirmou que “o perfil profissional dos indicados atende a todos os requisitos de qualificação e experiência estabelecidos por lei“. (Fonte: Folhapress)

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