Os proprietários de automóveis viram o preço do seguro do carros mais que dobrar nos últimos meses. A publicitária Raíssa Fernandes foi uma delas. Ela foi surpreendida ao ver a cotação de R$ 4.630,67 para assegurar o Nissan March 2015 que dirige. No ano anterior, Raíssa havia pago R$ 2.300 no seguro do carro. O aumento de 101% a assustou. Ela revela que ainda não adquiriu o serviço para poder pesquisar mais e encontrar um valor que caiba dentro do orçamento. “Me pegou desprevenida. Não esperava nunca esse aumento. Quando eu vi, fiquei triste porque é uma coisa que preciso, mas que está ficando muito cara. Eu contrato seguro porque tenho medo de roubo, de chegar na vaga de estacionamento e meu carro não estar mais lá. Vou pesquisar mais para ver se encontro algo mais em conta. Se não, vou precisar cortar saídas no final de semana e compras. Deixar de contratar o seguro não é uma opção porque virou uma necessidade”, revela. O enfermeiro George da Silva Pereira também viu o valor do seguro da sua motocicleta Fazer 250 2019 aumentar. O preço foi de R$ 530 para R$ 780 de um ano para outro, aumento de 47%. “Fiquei abismado. A justificativa da seguradora foi que havia aumentado o valor do veículo na tabela FIPE e que houve aumento nos casos de sinistros de veículos. Também me disseram que os seguros haviam subido de uma maneira geral diante da inflação. Me impactou muito porque eu não estava esperando. Desde 2017 para cá, meu seguro só havia diminuído, visto minha progressão no produto e a mudança no meu perfil de risco. Então, eu estava convicto que iria pagar um valor menor. Não só aumentou, como aumentou numa proporção que tive que repensar meus gastos de fim de ano”, relata George.
A situação vivida por ambos é a realidade de muitos proprietários de automóveis. De acordo com dados da Confederação Nacional das Empresas de Seguros Gerais (CNseg), entre janeiro e novembro de 2022, o seguro de automóvel acumulou alta de 33,6% em relação ao mesmo período de 2021, com R$ 45,8 bilhões arrecadados. O desabastecimento na produção de veículos novos e nas peças de reposição, o impacto da pandemia e o aumento da Tabela Fipe foram os principais motivadores para esse crescimento no custo de seguros de automóveis. Além disso, os especialistas identificam que o preço cobrado por seguradoras varia bastante, a depender da região da cidade e do gênero do proprietário do veículo. Mas a expectativa para 2023 é positiva. A ComparaOnline, um marketplace de seguros, prevê que o preço do serviço deva voltar para uma média de 5,7% do valor do carro até o final do ano. Isso deve representar redução de cerca de 10% na cotação do preço. Contudo, no meio tempo, quem sofre com esse cenário inesperado é o consumidor, que tem cada vez mais dificuldade em manter as finanças em dia e o desejo crescente de se manter seguro. É o caso da servidora pública Rozilene Dias. Antes ela pagava R$ 1.400 para assegurar seu Ford Ka 2020, contudo, quando foi cotar o seguro este ano, viu o preço subir para R$ 2.289,61, com descontos, um aumento de 63%. “Levei um susto. No ano anterior, meu seguro não subiu mais de R$ 200, e neste o aumento foi de quase R$ 1.000. A seguradora não me deu nenhuma explicação, somente informou que houve aumento. Optei por não renovar. Esse gasto impactaria demais as minhas finanças, na compra de alimentos, cuidados com a casa, convênios e necessidades dos meus filhos. A solução vai ser ficar sem seguro por um tempo. Agora, estou pensando em colocar um rastreador”, declara.