Daniela Freire e Antonio Mario: “Nossa missão é dar suporte técnico e especializado no crescimento e escala dos negócios no cenário internacional”
Alta qualidade de vida, atraente destino de negócios e porta de entrada para empresas que miram os mercados da União Europeia e África. As vantagens em se fazer negócios com Portugal vão bem além da herança cultural da facilidade com o idioma. Para o empresariado que busca relacionamento com a comunidade lusófona, a chance para construir esse network é agora: a Câmara de Comércio, Indústria e Turismo Brasil-Portugal, a segunda mais antiga do país, está selecionando neste mês de novembro novos membros para sua diretoria em Pernambuco. O novo grupo assumirá a gestão da entidade até 2025.
Nesta quinta-feira (03), a Daniela Freire, diretora executiva de Inovação e Relações com o Mercado da Câmara, conversou sobre o assunto com o jornalista Roberto Gonçalves, na Arari FM. Ouça a entrevista na íntegra clicando no player abaixo:
A escolha dos representantes da Câmara – em operação no estado desde 1912 – se dará por avaliação técnica e afinidade com áreas de interesse dentro de uma diversificada pauta de negócios, com raízes fincadas da Zona da Mata ao Sertão. Hoje, são cerca de 100 associados em solo pernambucano, mas a história e o potencial deste relacionamento bilateral apontam potencial de crescimento, sobretudo entre as empresas de médio porte.
“Nossa missão é dar suporte técnico e especializado no crescimento e escala dos negócios mantidos por nossos associados no cenário internacional, atuando como um parceiro privilegiado para a internacionalização da economia brasileira e promotores-facilitadores de negócios entre o Brasil e a Europa”, destaca Daniela Freire.
Ex-secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e também diretor da entidade, o advogado Antonio Mario de Abreu Pinto reforça o peso histórico da comunidade lusófona em Pernambuco. “O Estado sempre foi uma porta de entrada para imigrantes portugueses no Nordeste. Inclusive o nosso comércio, durante muito tempo, foi dominado por portugueses e suas grandes estivas. O que buscamos é o fortalecimento dessa relação comercial, tão arraigada à nossa cultura”, destaca, citando entre os símbolos desse vínculo patrimônios como o Gabinete Português de Leitura, o Clube Português e o Hospital Real Português.
Com uma corrente de comércio de mais de US$ 145 milhões transacionada com os estados do Nordeste somente em 2021, Pernambuco figura, segundo dados disponibilizados pela Federação das Câmaras Portuguesas, em primeiro lugar em ordem de importância na região, no tocante a volume de exportações e importações, com valor transacionado de US$ 58,643 milhões no ano passado.
INTERESSE CRESCENTE
Além de um ano marcado pelo bicentenário da independência do Brasil, 2022 deve ser lembrado por outros marcos simbólicos, e um deles é a flexibilização dos pedidos de nacionalidade pela internet, como anunciado recentemente pelo governo de Portugal. Com a instabilidade econômica no Brasil e o agravamento dos indicadores que monitoram a qualidade de vida na América Latina, o desejo de desbravar território luso tem se intensificado. Somente em 2020, primeiro ano da pandemia, foram quase 60 mil pedidos de cidadania portuguesa oficializados por cidadãos brasileiros.
Um movimento já percebido pelas 18 Câmaras de Comércio Portuguesas atuantes no Brasil, que juntas reúnem cerca de 2,5 mil associados. Nas últimas décadas, essas organizações vêm firmado papel estratégico na construção dessa diplomacia econômica. Tendo a companhia energética EDP como principal mantenedora, as câmaras portuguesas possuem mais de 900 convênios de cooperação assinados com universidades, parques tecnológicos, governos, federação de indústria, sistema S, além de instituições públicas e privadas do Brasil e de Portugal para facilitar negócios e parcerias entre os dois países.
“O papel da Câmara de Comércio é trabalhar o middle market, aqueles empresários que não são das grandes multinacionais brasileiras ou portuguesas, ou empresas maduras, essas já têm uma estrutura própria de penetração, com bancos e acessos a diversas formas de financiamento. No entanto, o médio e o pequeno precisam da Câmara para facilitar essa obtenção de informações”, detalha Daniela Freire,
Hoje, além de empresários, a entidade mantém entre os associados de toda a região Nordeste governos, parques tecnológicos, ecossistemas de inovação, federação de indústrias, universidades, o Sistema S (Sesc, Sebrae), além do terceiro setor, como o Projeto Portinari e a Fundação Gilberto Freyre.
Pela Câmara de Comércio Brasil-Portugal, está sendo desenvolvido, por exemplo, o planejamento estratégico de inovação do Estado Rio Grande do Norte, que envolve também as diretrizes para atração de investimentos internacionais do novo Parque Tecnológico Científico Augusto Severo (PAX-RN). Um trabalho feito em rede, envolvendo Sebrae, Federação das Indústrias, universidades, governos em diversas esferas e ainda a Beta-i, uma gigante da área de inovação colaborativa global.
Confira abaixo dados coletados pelo Observatório de Negócios Internacionais, ferramenta desenvolvida pela Federação das Câmaras Portuguesas, com o apoio da APSV Advogados:
- Entre janeiro e julho de 2022, o Brasil exportou US$2,52 bilhões para Portugal, tendo uma taxa de crescimento de +47,26% em relação ao mesmo período do ano passado;
- Os 5 produtos mais exportados do Brasil para Portugal foram: combustíveis (US$ 1,59 bilhões, +45,34%), soja (US$ 296,221 milhões, +33,07%), ferro e aço (US$ US$158,442 milhões, +96,77%), milho (US$ 112,197 milhões, +69,71%) e madeira (US$ 88,32 milhões, +55,38%);
- Os 5 estados que mais exportaram do Brasil para Portugal foram: Rio de Janeiro (US$ 1,622 bilhões, +49,56%), Mato Grosso (US$ 186,419 milhões, +1,81%), São Paulo (US$ 131,087 milhões, +20,75%), Rio Grande do Sul (US$ 102,839 milhões, +50,16%) e Rondônia (US$ 85,395 milhões, +54,55%);
- Entre janeiro e julho de 2022, o Brasil importou US$ 519,02 milhões de Portugal, com taxa de crescimento de +7,27% em relação ao mesmo período do ano passado;
- Os 5 produtos mais importados pelo Brasil, vindos de Portugal foram: azeite de oliva (US$ 87,73 milhões, -74,05%), peixes (US$ 39,82 milhões, +0,90%), vinhos (US$ 36,22 milhões, -17,76%), combustíveis minerais (US$ 33.27 milhões, +46,64%) e instrumentos mecânicos (US$ 23,64 milhões, -48,75%);
- E os 5 estados brasileiros que mais importaram de Portugal: São Paulo (US$ 195,87 milhões, +5,57%), Santa Catarina (US$ 121,62 milhões, -0,01%), Paraná (US$ 48,35 milhões, +69,56%), Minas Gerais (US$ 31,69 milhões, +34,65%) e Rio de Janeiro (US$ 28,81 milhões, -3,40%).
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