O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em seu primeiro discurso após o resultado do segundo turno, disse que o Brasil precisa se reconciliar e que sua missão será governar para todos os brasileiros, embora tenha criticado o presidente Jair Bolsonaro (PL) por suposto uso da máquina governamental durante a campanha. O petista ainda disse que o resultado das urnas mostrou que o brasileiro deseja mais democracia.
“Não é uma vitória minha ou do PT, mas de um imenso movimento democrático, que se formou acima dos partidos políticos, dos interesses pessoais, das ideologias, para que a democracia saísse vencedora”, discursou Lula.
Ainda de acordo com o presidente eleito, a disputa foi marcada pelo uso da máquina pública por parte do presidente Jair Bolsonaro (PL). “A vida inteira sempre achei que Deus fosse muito generoso comigo para permitir eu sair de onde saí para chegar aonde cheguei. Nós não enfrentamos um adversário, um candidato, enfrentamos a máquina do Estado brasileiro colocada a serviço [de um candidato]”, afirmou.
A fala do agora presidente eleito ocorreu em um hotel em São Paulo, local onde líderes petistas acompanharam a apuração dos votos. No discurso Lula estava acompanhado de diversas lideranças, como o seu vice Geraldo Alckmin (PSB), da senadora Simone Tebet (MDB) e da ex-ministra e deputada eleita Marina Silva (Rede).
“Quero dar os parabéns para as pessoas que votaram em mim. Eu me considero um cidadão que teve um processo de ressurreição na política brasileiro, pois tentaram me enterrar vivo. Estou aqui para governar esse país em uma situação muito difícil, mas vamos achar uma saída para que esse país possa viver democraticamente”, completou.
Lula diz que vai governar para todos os brasileiros
Ainda durante o seu pronunciamento, Lula disse que vai governar, a partir do dia 1.º de janeiro de 2023, para todos os mais de 200 milhões de brasileiros. “Vamos trabalhar para que a gente possa inclusive restabelecer a paz entre as famílias, os divergentes, para que a gente possa construir o mundo que nós precisamos, e o Brasil”, afirmou Lula.
“Esse povo não quer mais brigar. Esse povo está cansado de chegar no outro inimigo e ser temido ou destruído. É hora de baixar as armas que jamais deveria ter sido empunhadas”, afirmou o presidente eleito.
Sobre a prioridade do seu governo, Lula afirmou que sua gestão terá como missão acabar com a fome e a miséria no Brasil. “Nosso compromisso mais urgente é acabar com a fome outra vez. Não podemos aceitar como normal que milhões neste País não tenham o que comer. Se somos o terceiro produtor mundial de alimentos, se temos tecnologia e uma imensidão de terras agricultáveis, temos o dever de garantir que todo brasileiro possa tomar café, almoçar e jantar todos os dias. Este será novamente o compromisso número um do meu governo”, disse Lula.
Volta de programas sociais e relação com outros países
Lula disse que retomará programas sociais de suas gestões anteriores, entre eles o “Minha Casa, Minha Vida”. O Brasil não pode mais conviver com esse imenso fosso sem fundo, esse muro de concreto e desigualdade que separa o Brasil em partes desiguais, que não se reconhecem. Esse país precisa se reconhecer e se reencontrar”, defendeu.
O petista disse ainda que não terá surpresas em seu mandato e disse que as decisões serão tomadas após amplo diálogo com todos os setores da sociedade. “As grandes decisões políticas que impactam a vida de 215 milhões de brasileiros não serão tomadas em sigilo, na calada da noite, mas sim após um amplo diálogo com a sociedade. Acredito que os principais problemas do Brasil, do mundo, do ser humano, possam ser resolvidos com diálogo, e não força bruta”, completou Lula.
Sobre as relações do Brasil com outros países, o petista disse que irá retomar a credibilidade do governo brasileiro. “O que mais escuto é que o mundo sente saudade do Brasil, do Brasil soberano, que falava de igual para igual com os mais ricos e poderosos e que contribuía para o desenvolvimento dos mais pobres. Hoje, nós estamos dizendo ao mundo que o Brasil está de volta, que o Brasil é grande demais para ser relegado ao triste papel de pária no mundo. Vamos reconquistar a credibilidade”, disse.
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