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Cresce pressão para investigar pesquisas

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Foto: reprodução

Tão logo a apuração das urnas caminhou para sua definição na eleição do último domingo (2), com o reconhecimento público dos eleitos, as redes sociais foram inundadas de críticas e contestações ao trabalho dos institutos de pesquisa, a maioria por parte de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL). Houve vários exemplos de resultados diversos dos apontados na véspera pelas pesquisas eleitorais em alguns estados, inclusive na corrida pela Presidência da República.

A reação política foi grande e já chegou ao Congresso Nacional. Aliados do governo defenderam, ontem, a abertura de uma investigação parlamentar contra os institutos e até mesmo pautar matérias legislativas que punam essas empresas. As informações são da Gazeta do Povo.

O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) publicou no Twitter que vai buscar assinaturas para criar uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) das pesquisas eleitorais. O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), porém, rechaçou a hipótese de instalar o colegiado, embora também tenha feito críticas ao trabalho dos institutos.

“A gente tem sofrido pressão para instalação de CPIs, mas penso que não é o caso. Temos que discutir uma boa legislação para empresa de pesquisas e divulgação delas, para que a gente não tenha essas disparidades [resultados diversos do apurado nas urnas]”, disse Lira à GloboNews. “A população clama por isso, se angustia, e cabe ao Congresso regular essas matérias”, acrescentou.

Outra hipótese de investigação poderia vir do Ministério Público Federal. Fontes ouvidas pela CNN apontam que o procurador-geral da República, Augusto Aras, pode fazer uma “ampla investigação” sobre o trabalho dos institutos de pesquisa. Contudo, conforme apurou a Gazeta do Povo, essa informação é desconhecida por membros do alto escalão da Procuradoria-Geral da República (PGR).

Integrantes da cúpula do MPF ouvidos pela reportagem até acham improvável a abertura de uma investigação no âmbito do Ministério Público Eleitoral. A análise é de que os partidos e caciques políticos não bancariam o pedido de investigação após Lira rechaçar a instalação de uma CPI.

Além disso, eles entendem que Aras seria acusado de partidarismo e constrangimento ao vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet Branco, em meio ao processo eleitoral, já que ainda haverá votação em segundo turno para presidente da República e governadores de 12 estados no dia 30 de outubro.

Investigação poderia apurar se houve erro doloso em pesquisas

O deputado Eduardo Bolsonaro, reeleito no último domingo (2), aponta como fato determinado para requerer a criação de uma CPI para investigar os institutos de pesquisas eleitorais a “discrepância não só nas intenções de votos para presidente, mas também para outros cargos”. Ele diz que pretende iniciar a coleta de assinaturas ainda esta semana.

O cientista político Paulo Kramer, da Fundação da Liberdade Econômica, avalia que uma investigação pode e deve ser feita. Para ele, um inquérito poderia até mesmo identificar não apenas erros culposos, mas também dolosos (quando há a intenção de cometê-los). “Eu acho que nós estamos diante de erros intencionais voltados a confundir a cabeça do eleitor”, afirma.

“Foram cometidos tantos erros, e quase sempre os institutos errando a favor de um lado, a esquerda, e contra outro, a direita, que a gente pode desconfiar até que os erros não tenham sido meramente culposos, ou seja, não intencionais”, opina Kramer.

Professor aposentado do Instituto de Ciência Política da Universidade de Brasília (Ipol/UnB), o analista acredita que as pesquisas podem ter influenciado não apenas eleitores a deixarem de votar em Bolsonaro, mas também aliados do Centrão, que podem ter resistido a se engajar ativamente a favor do presidente ainda no primeiro turno.

Para Kramer, o Congresso deveria criar um instituto independente para a fiscalização e análise das pesquisas formado por profissionais de notório saber e sem vinculação profissional com as empresas. No caso de uma investigação no âmbito do Ministério Público Eleitoral, ele entende que pode ser feita desde que assessorada por um grupo de trabalho de estatísticos e cientistas sociais independentes.

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