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O 7 de setembro e as lamentações de quem o odiou por ter sido grande demais

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Foto: reprodução

Por J.R. Guzzo*

Passado o Sete de Setembro, com as fotos, vídeos e relatos pessoais atestando que multidões foram às ruas em todo o Brasil, a esquerda nacional e o seu candidato à presidência da República entraram num clima de funeral indignado. Só havia um resultado aceitável para eles, e não mais que um: um fracasso indiscutível de público no comício eleitoral em favor da candidatura do presidente Jair Bolsonaro que se colou de norte a sul às comemorações dos 200 anos de independência do Brasil. Deu o exato contrário. Como já tinha acontecido no ano passado, o Sete de Setembro e o apoio a Bolsonaro, transformados numa coisa só, reuniram centenas de milhares de cidadãos em praça pública num ato político – e o atestado mais evidente disso foi a intensidade da sinfonia de lamentações na oposição. Se tivesse ido pouca gente, estariam em festa. Como foi gente demais, ficaram revoltados e foram reclamar com o juiz.

O PT, os analistas políticos e a confederação de interesses que apoia a candidatura Lula tentaram, no começo, assustar a população com ameaças de que “os bolsonaristas” iriam provocar violências no dia Sete de Setembro; seria inseguro sair à rua. Também poderia ser “contra a lei”, advertiram outros – afinal era um ato “antidemocrático”, desses que o ministro Alexandre de Moras não gosta e mete a polícia em cima. A um certo momento, contaram até com o serviço de meteorologia – iria chover do dia Sete, e a manifestação seria um fracasso. Nada disso deu certo. As pessoas lotaram a rua num oceano de bandeiras e de verde amarelo, e o seu recado era óbvio: nós viemos aqui para dizer que vamos votar em Bolsonaro nas eleições do dia 2 de outubro. Pode haver alguma dúvida quanto a isso? Não, não pode – só nas análises dos formadores de opinião, mas não na vida real. A comemoração dos 200 anos da independência do Brasil foi um manifesto político, e a reação de Lula e do PT foi a de sempre – em vez de pensar a sério porque nunca conseguem levar o povo brasileiro à praça pública, e porque o seu inimigo consegue sempre, se perderam em lamúrias, conversas com advogados para criar desordem na “justiça eleitoral” e a exibição de despeito puro e simples.

As pessoas lotaram a rua num oceano de bandeiras e de verde amarelo, e o seu recado era óbvio: nós viemos aqui para dizer que vamos votar em Bolsonaro nas eleições do dia 2 de outubro

De um lado, numa ofensiva incompreensível, e possivelmente desesperada, do ponto de vista da racionalidade jurídica ou política, querem acusar Bolsonaro de uma porção de “crimes” por sua participação nas festividades do Dia da Independência. Não tem nexo. Ele é o presidente da República; tem, em primeiro lugar, a obrigação de comparecer. Não fez, na ocasião, um discurso de campanha eleitoral – nem entrou em pregação política contra o STF, que há três anos está em guerra contra ele. Do que estão reclamando, então? Tanto faz, na verdade, o que Bolsonaro tenha dito, ou não: o povo estava lá para mostrar, com ou sem discurso, que apoia a sua candidatura, e não há solução para isso. Não se pode separar as coisas: se o sujeito colocou uma bandeira do Brasil nas costas e foi para a rua no Sete de Setembro, ele está declarando em público sua posição política e a sua intenção de voto nas eleições presidenciais. Fazer o que? Proibir, à essa altura, que ele seja candidato à reeleição?

Lula, diante do que aconteceu no dia Sete, não disse nada de útil – resumiu-se a estar ausente, na festa em que se comemorou os 200 anos de independência do Brasil e fazer, depois, um lamento. Não explicou por que não saiu à rua; nunca explica por que não sai nas ruas do seu país, ele que se diz o maior homem do povo que o Brasil já teve em toda a sua história. Ficou na conversa de sempre – segundo disse no celular, vai devolver a “alegria” aos brasileiros, vai haver “comida na mesa”, o Brasil vai “voltar a ser independente” e mais do mesmo. O que significa esse palavrório todo? Centenas de milhares de cidadãos foram à praça pública apoiar o adversário de Lula nas eleições – mais que isso, talvez, porque ninguém fez as contas, mas o certo é que foi um mar de gente. Ninguém saiu para dizer que o apoia. É o saldo do dia Sete de Setembro.

*J.R.Guzzo é jornalista. Começou sua carreira como repórter em 1961, na Última Hora de São Paulo, passou cinco anos depois para o Jornal da Tarde e foi um dos integrantes da equipe fundadora da revista Veja, em 1968. Foi correspondente em Paris e Nova York, cobriu a guerra do Vietnã e esteve na visita pioneira do presidente Richard Nixon à China, em 1972. Foi diretor de redação de Veja durante quinze anos, a partir de 1976, período em que a circulação da revista passou de 175.000 exemplares semanais para mais de 900.000. Nos últimos anos trabalhou como colunista em Veja e Exame.

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