Em entrevista ao ‘Jornal Nacional’, da TV Globo, ex-governador defendeu modelo de governância por plebiscitos e negociações com Estados e municípios e exaltou que vai ‘transformar o Brasil’ com sua eleição
O ex-governador Ciro Gomes, candidato ao Palácio do Planalto em “chapa puro sangue” do Partido Democrático Trabalhista (PDT), foi o entrevistado na série do Jornal Nacional, da Rede Globo, com os presidenciáveis, nesta terça-feira, 23. Como era esperado pela equipe de campanha do ex-ministro, a entrevista foi uma oportunidade para que o candidato apresentasse seu programa de governo, chamado de Projeto Nacional de Desenvolvimento. Em diversos momentos do programa, Ciro fez referências diretas ao planejamento e a promessas de campanha, como ao mencionar a taxação de grandes fortunas e a criação de auxílio social mais robusto, de R$ 1 mil mensais, por exemplo. “Não estou dizendo que é fácil, estou tentando sair dos impasses da maior crise política e econômica. São onze anos sem crescer, com perversões absolutamente graves”, afirmou.
A postura dos apresentadores do Jornal Nacional ao longo da sabatina desta terça, 23, contrastou com o tom da entrevista concedida por Bolsonaro na segunda, 22. Em uma publicação em seu perfil no Twitter, o ministro das Comunicações, Fábio Faria, que acompanhou o atual chefe do Executivo federal nos estúdios da TV Globo, disse que Willian Bonner “esqueceu a arrogância e o deboche”, fez perguntas “amistosas” ao pedetista e propagou o que chamou de “inverdades” sobre a gestão federal. No geral, ao longo da entrevista, Ciro Gomes se colocou reiteradas vezes como um opositor do presidente Bolsonaro, assim como do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em suas declarações, o ex-ministro comparou o petista ao atual chefe do Executivo, criticou a atual “polarização odienta” que tenta, segundo ele, repetir o cenário eleitoral de 2018. “Temos que denunciar e temos que ser duros. A corrupção é um flagelo no Brasil”, exaltou o ex-governador do Ceará, que se coloca como o nome ideal para reconciliar o país.
“O Brasil tem passado fome e tenho um programa de renda mínima. Para que viabilize isso, tenho que confrontar aqueles que mandaram no Brasil esse tempo todo”, afirmou. Ciro Gomes também defendeu que, se eleito, quer estabelecer negociações com Estados e municípios, adotar plebiscitos programáticos, no modelo europeu, e “transformar o Brasil” por meio da sua eleição – sem chances de reeleição ao cargo. “A receita é transformar a minha eleição em uma eleição de ideias”, defendeu, pedindo votos dos indecisos e daqueles que estão escolhendo seu candidato à Presidência por rejeição a outro. “A ciência de errar é repetir as coisas do passado. Você que vota no Bolsonaro porque não quer o Lula de volta, me dê uma chance. Você que vota no Lula porque não quer mais o Bolsonaro, me dê uma chance”, disse, reforçando sua posição contrário. O candidato finalizou sua participação defendendo a criação de uma “lei antiganância”, um dispositivo que iria limitar a cobrança de juros por parte das instituições financeiras.