Por Magno Martins
Na primeira agenda pré-campanha ao Palácio do Planalto, o ex-presidente Lula tem um ato em Natal, na próxima quinta-feira, com os governadores que integram o Consórcio Nordeste. Lula adora passar a mão na cabeça de quem exercita o lado podre do poder. Foram esses mesmos governadores que torraram R$ 48,7 milhões na compra de 300 respiradores na pandemia a uma empresa fantasma em São Paulo, nunca entregues, diga-se de passagem.
Os respiradores, da mesma forma como se deu o assalto aos cofres da Prefeitura do Recife na época de Geraldo Júlio, tinham o “selo da garantia” de terem sido testados em porcos. Os nove governadores se cotizaram para chegar ao montante de quase de R$ 50 milhões numa rapidez impressionante.
Só esqueceram de levantar a ficha do vendedor. Os respiradores nunca apareceram. Na época, o presidente do Consórcio era o governador da Bahia, Rui Costa. Uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) foi aberta em Natal, onde fica a sede do Consórcio, com filial em Brasília. Rui nunca deu explicações sobre a gatunagem, mesmo comportamento do governador do Piauí, Wellington Dias, do mesmo PT da Lava Jato e do Mensalão, que sucedeu ao governador baiano.
O atual presidente é o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), que silenciou quando perguntado sobre o roubo do dinheiro público. O senador Eduardo Girão (Podemos-CE) foi o único político do Nordeste que cobrou punição aos governadores e acompanhou de perto as investigações da Polícia Federal.
Durante os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia, Girão insistiu para que fosse aberta uma investigação do Consórcio Nordeste, já que havia documentos comprovando que a empresa contratada, Hempcare, comercializa produtos à base de maconha. Para ele, a Assembleia Legislativa do Rio Grande do Norte investigou “o que a CPI do Senado não teve a coragem de fazer”.
Girão também informou que entregou ao procurador-geral da República, Augusto Aras, junto com o deputado estadual Kelps Lima, o relatório da CPI do Rio Grande do Norte (RN) sugerindo o indiciamento de dois governadores, Fátima Bezerra e Rui Costa, além de dois secretários estaduais, empresários e diretores do Consórcio Nordeste.
“Engana-se quem pensa que esse crime é apenas de corrupção, pois ele foi praticado no período mais crítico da pandemia, causando mais dor, mais morte e desesperança. Para mim, isto é assassinato. Desviar verba pública em época de pandemia não é apenas corrupção contra a administração pública, mas assassinato”, disse o senador.
