O pedido de desculpas feito por Lula aos policiais vai na mesma linha ponderada adotada por Bolsonaro. Após a polêmica fala no sábado, aliados aconselharam o petista a se retratar às forças auxiliares de segurança pública. Embora a cúpula do PT entenda que a maioria dos policiais vote no presidente, o cálculo político feito é de que a crítica poderia afastar outros eleitores.
Ainda no sábado, Lula foi aconselhado a ir às redes sociais e pedir desculpas, ou a gravar um vídeo. A declaração foi definida por um petista ao site Metropoles como “eleitoralmente ruim”. Um deputado aliado vai na mesma linha e diz à Gazeta do Povo ao sustentar que o cálculo vai menos na linha de evitar perda de votos dentro das forças auxiliares de segurança e mais nos votos do eleitor de centro.
Adversário de Lula na esquerda política, o pré-candidato do PDT, o ex-governador cearense Ciro Gomes, criticou o petista pela fala. “Lula apertou o acelerador na corrida para superar Bolsonaro em asnice. Quando disse que ‘Bolsonaro não gosta de gente, gosta de policial’, Lula cometeu não um ato falho, mas uma ação indesculpável de discriminação e desumanidade”, comentou.
Em uma disputa tão polarizada entre Lula e Bolsonaro pelo voto do chamado eleitor mediano, os aliados petistas alertaram para os riscos que a pré-campanha poderia sofrer. Não é a primeira vez que o ex-presidente “patina” em falas a grupos específicos do eleitorado.
Antes de falar sobre policiais, Lula, que busca o voto de cristãos, defendeu que o aborto seria “uma questão de saúde pública” a que “todo mundo teria direito. A fala não repercutiu bem entre conservadores e, após recomendações feitas por aliados, acenou com elogios aos evangélicos e críticas a Bolsonaro.
Sob aconselhamento de aliados, Lula também fez o possível para driblar a legislação eleitoral e não incorrer em irregularidades em sua participação no ato deste domingo. “Eu estava lá atrás”, justificou o petista sobre ter permanecido no fundo do palco durante as falas de outros participantes. “Porque não é possível falar de eleição, eu não sou candidato ainda. E vocês sabem que nós não temos muita gente favorável na Justiça. Pode ter gente que não goste do que a gente está falando”, complementou. (Gazeta do Povo)