Fevereiro de 1986. Eu preparava mais uma edição do Jornal “Repórter Somassa”, da Rádio do Grande Rio, em Petrolina, quando fui convocado a comparecer às pressas ao escritório do sr. Geraldo Coelho, na Construtora Coelho. Imediatamente, ele se dirigiu a mim usando a seguinte expressão:
– “Me disseram que você tem muita experiência no rádio. Então se prepare para assumir a direção da minha rádio em Araripina. Você está liberado e vai viajar ainda hoje!”.
Eram quase 11 horas da manhã e o ônibus partia às 14 horas. Ele não quis nem ouvir os meus questionamentos. A maneira como ele disse:
– “Passe no escritório, pegue o dinheiro e viaje, antes que acabem com a minha rádio!”, foi tão arrogante que não tinha como dizer “NÃO”! Era um desafio que eu jamais pensaria em enfrentar.
Cheguei à rodoviária de Araripina no mesmo dia por volta das 7 horas da noite e fui recebido pelo funcionário Joel Coelho, que dirigia o veículo da emissora.
De lá fui levado ao hotel Pousada do Araripe, onde fui recebido e acolhido com muito respeito e carinho pelos funcionários de lá. Tudo foi preparado para que eu ficasse bastante confortável.
Foram seis dias de observações, o bastante para sentir o “peso” do clima naquela emissora. Uma desorganização total. Discussões e pequenos mas preocupantes conflitos entre alguns funcionários. Muitos trabalhavam na clandestinidade, entre eles a servente Francisca e três menores operadores de áudio.
Dia 1º de março de 1986. Em reunião na sala do Diretor, com todos os funcionários, depois de um breve, mas objetivo discurso, assumi a direção da emissora, exigindo de todos um trabalho profícuo e uma união familiar para o bem de todos e da recuperação da credibilidade da empresa, até então em decadência.
A emissora se encontrava em litígio com a TELPE, além de prestes a ficar sem os fornecimentos de água, luz e telefones (um deles já estava bloqueado). O veículo da emissora estava prestes a “bater o motor”, obrigando-me viajar à Petrolina e trocá-lo imediatamente (a troca foi feita por um fusca 1.600).
No comércio, a credibilidade da emissora estava em total desiquilíbrio. Das cinco contas bancárias, apenas uma estava sendo movimentada e sempre com saldo negativo.
A Rádio da Grande Serra estava num caos profundo. Um problema difícil, mas não impossível de ser solucionado. A história de ontem não nos deixa felizes, mas precisa ser contada, para que não se repita agora.
Foram quase dois anos de lutas incansáveis para colocar “ordem na casa”. Orientados pelo Dr. Armando Tavares da Silva, regularizamos os funcionários clandestinos e os prestadores de serviços, entre eles Carlos Paixão, que passou a ser discotecário. Somos grandes vencedores, mesmo contra a vontade de alguns.
Também foram contratados novos funcionários, comprometidos com o sucesso da emissora, além de Renato Paiva, Josafá Reis, Joel Coelho, Deusimar Carlos (in memoriam) e Carlos Paixão e outros que ali encontramos. A Rádio da Grande Serra passava a viver um novo tempo.
UM DIA FESTIVO:
Neste dia festivo, a RÁDIO DA GRANDE SERRA recebe de todos os araripinenses, um voto de gratidão pelos relevantes serviços que esta emissora tem prestado à região do Araripe, ao longo da sua história.
Hoje, mesmo sob novo comando, a Rádio da Grande Serra sente-se fortalecida pela conduta de quem sabe administrar com dignidade um patrimônio tão querido pelos araripinenses.
São pessoas abnegadas, cuja visão empresarial supera todas as expectativas.
Orgulha-me saber que fui um instrumento escolhido para fazer desta emissora, um exemplo de trabalho profícuo ladeado pela honestidade e pela competência de quem se entrega de corpo e alma para alcançar o bem-estar de uma empresa que caminhava a passos largos para o abismo da falência. (Blog do Paixão)
PARABÉNS, RÁDIO DA GRANDE SERRA E QUE SEUS PASSOS SEJAM SEMPRE FIRMADOS NO BOM EXEMPLO DE QUEM HONRA E RESPEITA A GRATIDÃO DE UM POVO QUE A FAZ VIVER DIAS DE GRANDES CONQUISTAS.
Adalberto Pereira
