O deputado federal Eli Borges (Solidariedade-TO) se tornou, em 16 de fevereiro, o novo porta-voz da Frente Parlamentar Evangélica no Congresso. Ele acredita que seu maior desafio na nova função será impedir o avanço de causas como a linguagem neutra, a ideologia de gênero, o passaporte sanitário e a legalização da maconha. “São debates que temos que vencer no nascedouro”, afirmou o parlamentar, em entrevista à Gazeta do Povo.
Mas, para Borges, com a crescente tendência de politização do Poder Judiciário, o esforço dentro do Legislativo não bastará para barrar certas pautas. Comentando a recente decisão da Corte Constitucional da Colômbia, que descriminalizou o aborto até seis meses no país vizinho, o deputado afirma temer que algo semelhante ocorra no Brasil.
“Como eles estão legislando – e, às vezes, querem ser presidentes da República também –, é lamentável dizer, mas nós corremos o risco da ditadura da toga querer impor isso [o aborto] goela abaixo”, disse Borges.
Outras pautas que ele gostaria de abordar como porta-voz da bancada evangélica são a redução da maioridade penal – de 18 para 16 anos – e da idade de aposentadoria dos ministros de tribunais superiores – de 75 para 70 anos.
Uma votação em que a bancada evangélica na Câmara sofreu uma derrota recente foi a da legalização dos jogos de azar. Neste tema, Borges apontou que chegou a haver uma divisão inesperada da bancada evangélica. Para ele, havia motivos de sobra para condenar o avanço dessa pauta.
O deputado usa o exemplo de Las Vegas, nos Estados Unidos, para elencar mazelas sociais geradas pela liberação dos jogos, como o vício dos jogos em idosos, o prejuízo para as famílias, o risco à segurança pública e a relação dos jogos de azar com o narcotráfico e a prostituição. “Eu tenho números extraoficiais que mostram que, para cada dólar arrecadado, gastam-se 3 dólares pelos problemas que surgem”, ressaltou.
Segundo o deputado, os votos de alguns deputados da bancada evangélica favoráveis a colocar o tema em pauta se deram por conta de ignorância em relação aos problemas acarretados pelos jogos de azar. Antes de virar lei, o projeto precisa passar pelo Senado e pela sanção do presidente da República.