Lideranças petistas cobram reciprocidade do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e se queixam de declarações sobre a aliança entre as siglas dadas à imprensa
A postura do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, em meio às negociações para a formação de uma federação partidária, tem irritado a cúpula do PT. Lideranças petistas têm se queixado de declarações dadas pelo dirigente partidário e cobrado reciprocidade do comando da sigla na busca por uma acerto para as eleições de 2022. As conversas para a formação de uma aliança também envolvem as direções do PCdoB e do PV.
As negociações entre PT e PSB se intensificaram após a saída do ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin do PSDB. Lideranças socialistas, como o ex-governador paulista Márcio França (PSB), propuseram a filiação do ex-tucano ao PSB, para que Alckmin fosse alçado ao posto de vice na chapa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Para selar o acordo, o comando da sigla fez algumas exigências aos petistas, entre elas, o apoio a candidaturas em pelo menos cinco Estados: São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Pernambuco e Espírito Santo. Alguns dos entraves foram superados: no Rio, o PT apoiará a postulação do deputado federal Marcelo Freixo (PSB-RJ); em Pernambuco, Estado governado pelo PSB há mais de uma década, o senador Humberto Costa (PT-PE) anunciou, na sexta-feira, 4, que retirou a sua pré-candidatura ao governo para apoiar o deputado federal Danilo Cabral (PSB-PE), que deve ser o escolhido como sucessor do governador Paulo Câmara (PSB).
O PT esperava, com isso, que Márcio França abrisse mão de sua candidatura ao Palácio dos Bandeirantes em favor do ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT). Em conversas reservadas com aliados, o ex-presidente Lula tem dito que a postulação de Haddad é irreversível porque, em sua avaliação, os petistas têm grandes possibilidades de encerrar a hegemonia tucana no maior Estado do país – os tucanos governam São Paulo há quase três décadas. Na costura proposta pelo Partido dos Trabalhadores, França seria candidato ao Senado, posto rechaçado pelo ex-governador.
Mas não é apenas a aparente irredutibilidade de Siqueira na definição das candidaturas estaduais que têm irritado os dirigentes do PT. Nos últimos dias, o presidente nacional do PSB têm dado declarações questionando como funcionará a eventual federação com as siglas de esquerda. Para o cacique, a legenda precisa ponderar os prós e contras de uma eventual aliança com outros partidos para definir se é mais vantajoso ou não “entregar o seu destino” a esta composição. “O essencial a ser examinado é se o PSB quer continuar tendo sua política e decidindo as coisas essenciais ou [se quer estar] numa estrutura que tem essa configuração com a maioria de um partido. [Tem que decidir se] eseja entregar o seu destino a essa federação”, disse em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo publicada na sexta-feira, 4.
De acordo com a proposta atual, das 50 cadeiras da assembleia federativa, 27 ficariam com o PT, 15 com o PSB, 4 com o PCdoB e outras 4 com o PV – a divisão leva em consideração o tamanho das bancadas no Congresso Nacional. Siqueira reconhece que a maioria dos postos deverão ser ocupados pelos petistas, mas pleiteia mais espaço para a sigla que comanda. Em conversa reservada com a reportagem da Jovem Pan, um membro da direção do PT se queixou das reivindicações do aliado. “É como diz o ditado: você dá a mão e já querem o braço. Nosso partido faz um gesto e só recebe estocadas que chegam ao nosso conhecimento pela imprensa”, disse.