Por Cláudio Soares*
A confissão do suposto acusado e o exame de DNA não são suficientes para apontar o verdadeiro culpado. É preciso demonstrar outras evidências que corroborem e confirmem os autores do crime. É peremptório demonstrar também a motivação do crime. É absolutamente distinto este caso.
E a direção do Colégio Nossa Senhora Auxiliadora, onde Beatriz foi morta? No mínimo, poderia ter sido omissa. Por que a cena do crime foi adulterada e as filmagens apagadas? Quando as autoridades policiais não chegam a um consenso, vislumbram-se as lambanças de sempre.
Passaram-se seis anos sem a elucidação do caso. Houve uma verdadeira profanação em matéria de coleta de provas no local do crime, imagens de câmeras apagadas e depois, supostamente, recuperadas. Um perito que teria se corrompido e maquiado um falso laudo foi demitido. Uma investigação policial que trocou de delegado seis vezes.
Em fevereiro de 2016, o primeiro delegado responsável pelas investigações, Marceone Ferreira, disse que não descartava a participação de mais de uma pessoa no crime. Pessoas investigadas sem o mínimo de critério técnico ou jurídico. Este caso está uma verdadeira desordem e teratológica policial. Ninguém apresentou provas robustas e elementos convincentes.
E este ano, coincidentemente período eleitoral, se finaliza numa versão estranha: comparação de material genético e uma suposta confissão. Eu fico me perguntando: como ocorreu a logística para essa esquisita confissão? Por que o suspeito resolveu confessar somente agora? Quem acompanhou essa duvidosa confissão? É espantosa a mudança de delegados no referido caso.
Em março de 2020, a investigação da morte de Beatriz Angélica já havia mudado de comando pela quarta vez. A delegada Polyanna Néry deixou o caso, no dia 16 de março daquele ano. O caso seguiu sendo investigado pelos delegados Isabella Cabral Fonseca Pessoa e João Leonardo Freire Cavalcanti. O crime completou seis anos, em 2022.
Eu, na minha ótica criminalista, não acredito ainda nesta investigação nem na propositura das provas, muito menos na confissão.
*Advogado e jornalista