Ex-governador começa a discordar de algumas ideias a serem executadas por Lula caso vença a eleição presidencial; ao mesmo tempo, grande parte do PT está fazendo pressão cada vez maior para o petista desistir da ideia
Começam a surgir alguns pequenos traços de distanciamento naquele grande amor declarado pelo pilantra Luiz Inácio da Silva ao ex-governador Geraldo Alckmin, para ser o vice em sua chapa na eleição presidencial de outubro. Há problemas sérios a resolver. Tem razão Geraldo Alckmin quando diz para ir devagar. Alckmin começa a discordar de algumas ideias a serem executadas por Lula caso vença a eleição presidencial. Ao mesmo tempo, grande parte do PT está fazendo pressão cada vez maior para Lula desistir da ideia. No fundo disso tudo, Geraldo Alckmin começa a se mostrar em dúvida, mas, por enquanto, mantém silêncio. É uma situação nada confortável. No entanto, mesmo diante de tantos problemas, Lula insiste na chapa com Alckmin. Precisa de credibilidade. Isso se explica facilmente: O ex-governador Geraldo Alckmin é um ficha limpa e nunca esteve envolvido em escândalo de corrupção. Fora isso, tem praticamente garantido o governo de São Paulo por qualquer partido que se filiar. Já Lula é um corrupto de primeira grandeza, dos maiores da história brasileira, condenado e preso. Foi solto por uma manobre indecente do Supremo Tribunal Federal. E solto, o ex-presidiário é candidato a presidente da República.
Nada melhor que ter ao seu lado alguém de reputação ilibada como Geraldo Alckmin. Seria uma maneira de amenizar uma situação que está sendo muito mal vista por muita gente séria neste país. Mas não tem nada de novo nisso. Luiz Inácio da Silva sempre agiu assim. Precisa, sempre, de um escudo protetor para sua imagem vista com clareza por aqueles que ainda conseguem pensar neste país. Geraldo Alckmin já tornou pública sua preocupação com a proposta de alas do PT em revogar a reforma trabalhista aprovada no governo de Michel Temer. Afirma que existe uma grande preocupação no mercado financeiro com a possibilidade de alterar o projeto, como deseja Luiz Inácio. Lula já recuou nessa questão, esquecendo da reforma espanhola com traços venezuelanos. Alckmin quer se inteirar sobre o que pensam as centrais sindicais do país sobre esse assunto.
O presidente nacional do Solidariedade, deputado Paulinho da Força, entrou nessa história e ofereceu a Geraldo Alckmin o partido como um plano B para o ex-governador se filiar e facilitar sua união com Lula sem atropelos e possíveis arrependimentos. Alckmin também tem conversado com o PSB de Márcio França. O ex-governador de São Paulo não acredita na existência de uma terceira via. Não há tempo para viabilizá-la. Para Paulinho da Força, se Alckmin for mesmo o vice de Lula, a vitória estará garantida já no primeiro turno. Alckmin silencia. E ainda não se sabe ao certo o que pretende fazer. Ao mesmo tempo, petistas contrários à parceria de Lula e Alckmin estão fazendo um abaixo-assinado para acabar com a ideia dessa aliança. O documento já contém centenas de assinaturas. Entre os que assinaram estão os ex-presidentes do PT, Rui Falcão e José Genoíno, dirigentes da corrente mais à esquerda dentro do partido.
O abaixo-assinado tem até nome: “Manifesto contra a chapa Lula-Alckmin”. Esse manifesto acusa Alckmin de ter participado do “golpe” contra a ex-presidente Dilma Rousseff em 2016 além de, em várias ocasiões, se colocar contra os interesses nacionais. Um trecho do texto que acompanha o abaixo-assinado diz: “O problema não é dialogar, é fazer um balaio de gatos”. E observa que o ex-governador tem propostas muito antagônicas aos pontos historicamente defendidos por Lula e pelo PT. Já os petistas favoráveis à aliança dizem que Alckmin é a vacina contra a ideia de que Lula seja um extremista que vai incendiar o país. Seja como for, esse namoro está mais para a separação do que para casamento. Geraldo Alckmin não diz claramente o que pretende. E Lula insiste. Grande parte do PT é contra. Não há amor que resista a tantos problemas. Alckmin está ganhando tempo para ver o cenário melhor. Evidentemente que Lula não é confiável. Alckmin sabe disso. Lula é um sujeito aprendiz de ditador, que admira ditadores. Alckmin ainda está com um pé atrás. Quer saber melhor o que Luiz Inácio pretende de fato. Uma coisa é certa, se aceitar formar a chapa com Lula e no caso de vitória, Alckmin quer participar do governo e não ser apenas uma figura decorativa. O importante é saber como duas pessoas que pensam completamente diferente uma da outra poderão se entender.