O cenário de dificuldades, sobretudo na área da educação, na cidade de Santa Cruz (PE), Sertão do Araripe, levou o professor Carlos Alberto Silva a disparar duras críticas contra a gestão municipal.
Por Carlos Alberto Silva/Professor – Santa Cruz (PE)
Confiram:
“Sou leitor assíduo de seu Blog e venho por meio deste fazer um relato da atual situação que passa o nosso município de Santa Cruz. No atual cenário nacional de mazelas e descrenças junto às administrações públicas, aqui no nosso município encravado no Sertão do Araripe, não basta tão somente as adversidades geográficas. Também se configuram as administrativas.
O município vem sofrendo com uma “administração” de descaso e caos na saúde, agricultura e educação. Nesta última, os Professores já deflagraram duas greves só neste ano, sendo a última a partir de 18 de abril, sem previsão de término, alegando entre outros, condições dignas de trabalho, em que as escolas se encontram sucateadas.
Para se ter uma ideia, se trabalha em pleno século XXI com apenas quadro e giz, salas escaldantes, sem nenhuma ventilação, com uma média de 40 alunos, merenda escolar de péssima qualidade, transporte escolar caindo aos pedaços e, por último, o reajuste de salário conforme a Lei que o gestor alega não ter condições de pagar.
Talvez não pague porque são muitas as irregularidades. O dinheiro do Fundeb é para bancar a educação e outras regalias da administração. Soubemos que irão descontar os salários dos professores dos dias não trabalhados em greve. Justo, contudo não estão nos dando o direito e dever de repor as aulas. Mas pergunto: tem professores que não estão em sala de aula e recebem salário todo final de mês, a exemplo de funcionários que trabalham na sede da Prefeitura. Tem professora que é comerciante e não dá aula e também recebe, e o mais grave: tem um Vereador, isso mesmo, Vereador, que é professor, não trabalha e todo final de mês recebe seu salário. Fica o questionamento: vão descontar desses também, ou o desconto é só para os que levam por de giz na cara toda semana?
Lamento a situação dos pais de famílias, os alunos que são as maiores vítimas do descaso dessa administração. Quando, de fato, a educação será prioridade? Os recursos vêm, mas as ‘raposas’ da Velha Santa Cruz administram como se estivessem administrando recursos próprios…
Um ano perdido, rendimento comprometido, enquanto o sonho das nossa crianças e jovens se tornam cada vez mais limitados. Mas encerro fazendo um desafio aos gestores a saírem de seus gabinetes, do ar condicionado, a sentarem numa banca pelo ao menos um dia, acompanhando a nossa rotina em sala de aula. Aí vocês descobrirão na prática o que vocês sabem e fingem não saber: “a dura realidade da sala de aula”. E talvez repensem a nossa Educação. Enquanto isso fica a nossa indignação.”
