Presidente deixou claro a apoiadores que não pode agir como pede grande parte da base de apoio; segundo ele, o que o Brasil vive é uma ‘somatório de décadas de desmandos’
O presidente Jair Bolsonaro reuniu ministros, presidentes de bancos públicos e de estatais nesta quarta-feira, 8, no Palácio do Planalto. O encontro foi marcado justamente para que o alto escalão do governo tratasse dos próximos passos após as falas do presidente nos protestos de 7 de setembro. A reunião não estava prevista na agenda do presidente nem de qualquer um dos ministros que participaram. Fontes com as quais a Jovem Pan conversou, no entanto, confirmaram o encontro, que durou mais de 3 horas. Antes de chegar ao Planalto, Bolsonaro conversou com apoiadores e comentou as manifestações da última terça-feira. O presidente reclamou das repercussões negativas entre alguns partidos políticos, e deixou claro que não pode agir como pede grande parte da base de apoio. “Olha só, não é ‘assino embaixo’ também, não, tá? Fazer o futuro é cada um de vocês. Achar que eu tenho superpoderes para levantar espada e resolver o assunto, não. ‘Ah, vai lá, faz isso, faz aquilo’. Não é assim não que a banda toca. Isso que o Brasil vive é um somatório de décadas de desmandos, apoiados por muitos de vocês de forma inconsciente”, afirmou Bolsonaro.
O vice-presidente da república, general Hamilton Mourão, faz parte do Conselho de Governo. Por isso, ele deveria ter participado da reunião realizada nesta quarta-feira. Ele, no entanto, manteve a agenda que tinha marcada em Belém do Pará, embarcou cedo e não esteve presente. Bolsonaro não comentou o aumento da pressão para que um processo de impeachment dele avance no Congresso Nacional. Lembrou, porém, que não é possível mudar o Brasil de uma hora para a outra. “Não é fácil você mudar uma coisa que está há décadas incrustadas no poder. Querem que eu faça assim e resolva o assunto. Ontem eu era mais um na multidão. Nada sobe a minha cabeça. Sei da responsabilidade e para onde o Brasil está marchando também”, afirmou. O presidente Jair Bolsonaro também fez questão de dizer, nesta quarta-feira, que os atos do 7 de setembro não tiveram nenhum caráter antidemocrático. Segundo ele, a parcela da população que foi às ruas representa os anseios de toda a sociedade brasileira.