Por Magno Martins
Se o impeachment do presidente Bolsonaro já estava na ordem do dia da oposição, especialmente na CPI da Covid no Senado, com o argumento de que o chefe da Nação passou dos limites nos ataques ao STF nos discursos das manifestações de 7 de setembro em Brasília e São Paulo, deve partir para o tudo ou nada na tentativa de abrir o processo de afastamento do presidente Jair Bolsonaro (sem partido).
Num eventual impeachment de Bolsonaro, o que não vai ocorrer, sobretudo pela força que demonstrou ter no seio da população com as gigantescas manifestações de terça-feira passada, quem herdaria os votos do bolsonarismo? Supostamente um candidato de centro, indicado pelo próprio Bolsonaro, nunca da esquerda, o que não interessaria ao principal adversário do presidente, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Teoricamente, o PT acha que Bolsonaro está morto, politicamente e eleitoralmente. Deixá-lo sangrar seria mais inteligente e estrategicamente correto, daí não interessa a Lula um adversário de cara nova, despontado no vácuo do atual presidente, que julga muito fácil de ser derrotado num pleito polarizado. Impeachment, para o PT, soa como discurso sem consistência, apenas para fazer coro aos demais partidos de oposição.
Estes, por sua vez, ganham com o impedimento de Bolsonaro, diferente do PT, quer faz planos de retomar o poder, com Lula, em cima do sangramento político do presidente. Ganham, supostamente, o PSDB e Ciro Gomes, que tenderiam a se fortalecer. A suposição se sustenta até o momento em que não surja o candidato de Bolsonaro, caso viesse a ser deletado da disputa da sua reeleição.
Pela demonstração de força nos atos de 7 de setembro, Bolsonaro nunca será afastado nem tampouco entrará na reeleição como presa fácil de ser batida. Nuances eleitorais à parte, o fato é que a crise institucional está longe de ser superada. Numa briga de dois, quando um não quer entrar, não existe ringue, mas os dois querem – Bolsonaro e parte do Supremo Tribunal Federal. Assim, só com bola de cristal para saber o que de fato ocorrerá no País enquanto perdurar o conflito institucional.